Ontem, quarta-feira, 18 de agosto, a Abrelivros recebeu em seu estande Fernando Almeida, diretor de Educação da Fundação Padre Anchieta e professor titular da PUC-SP, Circe Bittencourt, professora da Pós-Graduação do Programa de História Política e Sociedade da PUC-SP e Parahuari Branco, diretor de Novos Produtos da Positivo Informática, para o debate “A produção de conteúdo educacional no futuro: desafios e possibilidades”.

O encontro aconteceu durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo e teve como moderadora Ana Ralston, diretora de Tecnologia de Educação e Formação de Educadores da Abril Educação.
Circe Bittencourt começou sua participação no debate contando um pouco da história das produções de didáticos no país. Segundo ela, a figura do Estado sempre esteve presente na produção do livro didático, sendo que em determinada época a obra didática também foi fortemente controlada pela igreja.
Circe pontuou que diferentemente do passado, onde o autor tinha um papel predominante na produção do livro, hoje as editoras trabalham com uma enorme equipe que se divide na produção de uma obra.
A professora da PUC de São Paulo destacou alguns valores do livro didático e disse que ele sempre trabalhou com a perspectiva de futuro e com o objetivo de formar novas gerações, mas que inegavelmente ele sempre foi reprodutor da cultura dominante.
Ao final de sua apresentação Circe levantou algumas questões que julga importantes serem observadas nesta discussão sobre o futuro do livro: os conteúdos serão modificados em função de serem apresentados em diferentes suportes? Como ficará a questão da autoria e da mediação do professor em relação ao conteúdo educacional do futuro?

O segundo convidado da noite, Fernando Almeida, abriu sua participação no debate falando sobre a importância do conteúdo nos livros didáticos. Ele afirmou que é impossível ensinar sem conteúdo. No entanto, segundo o professor, o livro didático sempre foi alvo de críticas por ser uma obra que possui valores ou que defende uma determinada ideologia.
Fernando Almeida entende que até mesmo o fato de se perceber certas tendências nos livros, sejam elas políticas, religiosas etc, são questões que levam ao debate tornando os equívocos do livro também objetos de reflexão.
Em seu entendimento, o livro didático deve dialogar com o conteúdo do aluno, respeitar e contextualizar a diversidade, estimular a construção coletiva do conhecimento e incentivar os alunos a produzirem conteúdos inéditos a partir do conhecimento adquirido com as obras.
O professor finalizou sua participação informando que a Fundação Padre Anchieta está produzindo material didático articulando diferentes mídias, fato que só é possível com a colaboração mútua de professores, especialistas, consultores externos e técnicos em modernas tecnologias. Afirmou que esta produção busca o aprimoramento da qualidade da educação e é planejada a partir do levantamento das expectativas de aprendizagem por série e por disciplina.
Parahuari Branco, diretor de Novos Produtos da Positivo Informática apresentou para a plateia alguns projetos já em andamento no Positivo, como mesas digitais com atividades infantis – algumas com jogos de palavras e imagens que possibilitam a construção de textos – e cubos eletrônicos que simulam cálculo e jogos de raciocínio. Apresentou também o projeto Olhando para céu, em que alunos trocam informações e percepções, a partir da observação do céu durante a noite, utilizando-se de celulares e portais. Comentou também sobre atividades existentes para a produção do livro impresso a partir da utilização de diversas tecnologias digitais.