Fundamental de nove anos sacrifica lazer, dizem estudos

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Pesquisadoras de faculdades diferentes apontam restrição de atividades lúdicas. MEC confirma que colégios têm falhado no ensino de nove anos; secretária de Educação Básica diz que o brincar é “importantíssimo”.

 

Das escolas que já adotaram o ensino fundamental de nove anos, parte fez a adaptação impondo pesados sacrifícios às crianças mais novas. Pesquisas em diferentes Estados mostram que nessas escolas os alunos de seis anos perderam parte considerável do tempo destinado a brincadeiras e atividades ao ar livre. Agora ficam debruçadas sobre livros, exercícios e até provas. Especialistas alertam que isso pode ter efeito devastador no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças.

 

As escolas hoje dividem o ensino fundamental em oito séries. No ano que vem, todas -públicas e particulares- deverão seguir a lei que prevê a reorganização em nove anos. O ano extra foi colocado no início do ciclo. A criança passará a entrar no ensino fundamental com seis anos, não mais com sete. Assim, quem ia para a pré-escola irá para o primeiro ano. A primeira série se transformará no segundo ano. Muitas  escolas se adiantaram e já seguem a lei. O problema é que algumas limitaram-se a impor às crianças de seis anos os mesmíssimos conteúdos que antes ensinavam às crianças de sete. Os esforços se concentram em ensiná-las a ler, escrever e fazer contas. As brincadeiras, comuns na velha pré-escola, ficaram em segundo plano. As professoras e pesquisadoras Iraíde Marques de Freitas Barreiro (da Unesp em Assis), Maria Silvia Librandi da Rocha (da PUC de Campinas) e Catarina Moro (da UFPR em Curitiba) chegaram a conclusões parecidas ao estudar escolas que já adotam o novo modelo.

 

“As atividades lúdicas ficaram restritas ao recreio, que não raramente dura 15 minutos”, diz Maria Silvia. “A criança tem seis anos, mas já é tratada quase como adulto, com muita cobrança”, afirma Iraíde. Um dos problemas é o fato de os professores não terem sido preparados para conduzir essa nova turma.  Seguem mais o modelo da primeira série que o da pré-escola, sem o devido equilíbrio, por pressão de pais que desejam a alfabetização precoce e por pressão do sistema educacional -a Provinha Brasil avalia crianças de sete anos, do novo segundo ano. “Antes era o professor da segunda série que cobrava o da primeira para que os alunos chegassem alfabetizados. Agora é o professor do segundo ano que pressiona o do primeiro”, afirma Catarina, da UFPR. O MEC confirma a falha dos colégios. “Estamos oferecendo orientações, explicando que o brincar é importantíssimo”, diz a secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda. Ela esclarece que o resultado da Provinha Brasil não é divulgado e, mesmo sendo negativo, não gera punições. Serve apenas para orientar a escola. Outro problema apontado pelas pesquisadoras é a falta de adaptações e reformas nas escolas para receber adequadamente às crianças de seis anos.
 

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