Modelo, hoje usado por 111 escolas estaduais do ensino médio, deverá virar realidade em 330 colégios públicos do Paraná, no próximo ano
O número de colégios estaduais do Paraná que oferecem o ensino médio em blocos semestrais deverá passar de 111 para cerca 330 no próximo ano. E a tendência é de que, em alguns anos, todas as 1.225 escolas da rede, que têm ensino médio, adotem o sistema, considerado vantajoso pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).
Pelo modelo, os alunos têm contato com todo o conteúdo do ano de determinadas disciplinas no primeiro semestre e as demais ficam para o período pós-férias de julho. Conforme Edna Amâncio, técnica pedagógica do Departamento de Educação Básica da Seed, as escolas decidem se terão o currículo anual ou por blocos semestrais. “Vemos o programa como positivo. O aluno vai vencendo etapas de seis em seis meses. Se precisar sair ou ficar retido, não perde o ano inteiro”, explica Edna. As escolas estão recebendo equipes pedagógicas do estado e de colégios que já adotaram o sistema, que agora atuam como multiplicadores. “As escolas colocam o que vivem e aquelas que fazem a opção realizam comparações com os outros colégios e professores do seu núcleo”, explica.
Segundo a secretaria, o melhor resultado é obtido pelos professores que
organizam de forma diferente o seu planejamento, pois o prazo para ensinar o conteúdo cai para seis meses. Edna Amâncio acredita que há vantagens para os profissionais porque há um número menor de turmas por semestre, favorecendo um contato mais intensivo entre professores e alunos.
O Colégio Júlio Teodorico, em Ponta Grossa, adotou o sistema neste ano. Na análise do diretor auxiliar Josmael de Jesus Klazura, há mais efeitos positivos do que negativos. Entre os negativos está a imaturidade do aluno ingressante, que demora a perceber a dinâmica do semestre. “Deveria ser realizado um trabalho de conscientização na oitava série do ensino fundamental para preparar esse aluno”, avalia. Ele também aponta que a perspectiva de reprovar apenas um semestre não parece tão ruim, de modo que alguns estudantes não se dedicam o suficiente para passar no bloco. Como consequência, foram constatadas 27 transferências para colégios que não adotam o sistema de blocos – assim os alunos reprovados podem recuperar as notas e não precisam refazer o bloco. A prática causa problemas para
os professores, que precisam dar mais atenção aos que tiveram apenas a metade das matérias. Para as estudantes Caroline de Fátima Felipe, 18, e Jéssica Aparecida Galvão, 17 anos, a divisão é interessante, mas atrapalha para o vestibular. “Muita coisa a gente ainda não viu e as outras matérias ficaram lá para trás”, diz Caroline. Jéssica aponta que as matérias poderiam ser divididas de forma diferente: “Poderiam colocar matérias teóricas com outras que usam cálculos”.
Evasão – Embora indique a adoção do ensino por blocos semestrais, a Seed ainda não pode avaliar a eficácia do sistema. Um dos principais itens, a queda na evasão escolar, só poderá ser avaliado ao final do ano. “Temos a perspectiva de que a reprovação e a evasão diminuíram, mas precisamos de um ano para avaliar os dados”, comenta a técnica pedagógica Edna Amâncio. “As análises pedagógicas das escolas indicam que é positivo. Os professores estão percebendo que o modelo apresenta resultados positivos porque os alunos já internalizaram a prática. No primeiro momento houve dúvidas, mas agora todos já estão mais habituados”, acrescenta.