Depois de fraude, MEC busca gráficas de segurança máxima

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
O Ministério da Educação (MEC) analisa três gráficas do País consideradas de segurança máxima para a impressão das 4 milhões de novas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): a RR Donnelley, com unidades industriais em cinco Estados, a Gráfica Bandeirantes, sediada em Guarulhos, e a Posigraf, empresa do grupo educacional Positivo, de Curitiba. As três têm experiência na impressão de papéis sigilosos, como provas de universidades, concursos públicos, talões de cheque, notas fiscais e cartões de crédito.

A Gráfica Plural, contratada pelo consórcio Connasel e de onde vazou o exame que seria aplicado no último fim de semana, foi considerada pelo MEC como uma empresa de segurança baixa, pouco adequada para imprimir as provas. Ela havia sido contratada pelo consórcio Connasel para o serviço. Agora, técnicos do próprio MEC estão encarregados de escolher a nova gráfica. Os Correios farão a distribuição. 
Em nota, a Plural alegou que cumpria com as medidas de segurança acertadas com o consórcio. Gravações feitas na gráfica e entregues à PF registram o momento em que a prova foi furtada por funcionários. Felipe Pradella, um dos suspeitos, criticou em depoimento o “frágil” esquema de segurança. Segundo ele, pessoas envolvidas na impressão de outros documentos misturavam-se à equipe do Connasel e era possível entrar e sair do galpão com mochilas. Pradella disse ainda que não havia uma separação clara de tarefas: ele e os colegas se alternavam na conferência, embalagem, empacotamento e lacração das provas. Ele foi um dos que quiseram vender os papéis ao Estado, que recusou e denunciou ao MEC. 
A Gráfica Bandeirantes, há 55 anos no mercado, tem clientes como Livraria Saraiva, Grupo Santillana, Ford, Embraer, Renault e Editora Ática. A RR Donnelley, parte de um grupo multinacional, tem unidades em Barueri e Osasco, em São Paulo, em Santa Rita do Sapucaí (Minas), Gravataí (Rio Grande do Sul), Blumenau e Recife. 
A Posigraf é do Grupo Positivo, que tem escolas, universidades e edita apostilas para redes de ensino. Foi fundada há 33 anos no Paraná, tem 950 funcionários e um dos maiores parques gráficos de impressoras rotativas. Segundo o Estado apurou, o MEC tem preferência por escolher uma gráfica em São Paulo, pela maior facilidade em transportar as provas para todo o País. 
De acordo com o ministério, as três são as mais seguras do País. São as únicas a ter uma sala com equipamentos enclausurados, ou seja, ficam em espaço separado, restrito, com acesso permitido apenas a poucos funcionários. Eles assinam termo de confidencialidade e são revistados na entrada e saída. 
“A gente faz isolamento da área, coloca vigilante 24 horas e só pessoas autorizadas têm acesso. No fim do turno, é feita a revista”, explica Wilson Bremer Cerqueira, gerente de gestão de pessoas da Posigraf. “Em casos sigilosos, os funcionários com acesso à impressão usam roupas especiais, que não permitem que se esconda nada sob elas. Em outros casos, eles precisam tirar a roupa.” Além disso, nesse sistema, não é permitido a entrada na gráfica com equipamentos eletrônicos, como celulares. 
A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) explica que não existe uma classificação formal das gráficas segundo critérios de segurança. Geralmente, elas se adaptam ao que cada edital exige. Há algumas que, por se especializarem na impressão de documentos sigilosos, investem mais na segurança.
O prejuízo do vazamento do Enem foi de R$ 34 milhões. Será preciso reimprimir mais de 4 milhões de cadernos de questões.
Menu de acessibilidade