Correndo atrás da reforma ortográfica

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Artigo de primeira necessidade no mercado editorial após a reforma ortográfica, o novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) deve atrasar. Inicialmente previsto para fevereiro, o lançamento da obra, preparada pela Academia Brasileira de Letras (ABL) não sairá antes de 15 de março.  
 
O Volp é referência para editoras por ter a grafia considerada formalmente correta de 450 mil palavras do idioma. Sem ele, por exemplo, editoras serão obrigadas a imprimir obras distribuídas em escolas públicas de todo o País pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação ainda com dúvidas sobre como se escreve algumas palavras. 
 
Preocupadas com os prazos, as editoras fizeram um acordo com o MEC. “Na dúvida estamos usando a grafia anterior. Esses livros serão distribuídos pelo PNLD em 2011. Ainda dentro, portanto, do prazo de vigência das duas ortografias (que vai até 2012)“, diz Otacílio Parlaretti, coordenador da equipe de produção da Companhia Editora Nacional e da Editora Ibep. 
 
Pelas características dos programas do MEC, os primeiros livros com a nova ortografia vão chegar aos estudantes de escolas públicas só em 2010. Isso porque as obras são inscritas pelas editoras dois anos antes de sua distribuição na rede pública de educação. Quando fazem a inscrição, as empresas enviam exemplares impressos, repassados pelo MEC a professores de universidades públicas responsáveis pela avaliação da qualidade das obras. Os livros que serão distribuídos no início das aulas de 2009 foram produzidos em 2007, ainda com a grafia antiga, mas, segundo o ministério, isso não deve atrapalhar o processo de aprendizagem dos alunos em virtude do prazo de vigência das duas ortografias. 
 
O MEC, porém, exigiu ainda no ano passado que os livros didáticos inscritos no PNLD já estivessem de acordo com a nova ortografia. Com isso, o trabalho de adaptação das editoras começou no início de 2008. Segundo cálculos da Câmara Brasileira do Livro (CBL), só os processos de refazer a diagramação e revisão adotados pelas editoras por causa da reforma ortográfica devem consumir cerca de R$ 60 milhões. Isso corresponde a 4,3% do faturamento do setor em 2008, que chegou a cerca de R$ 1,4 bilhão. 
 
“No pico do trabalho, cerca de 200 pessoas foram envolvidas na revisão dos livros“, conta Marcelo Martins, do Grupo Abril Educação, controlador das Editoras Ática e Scipione. As duas editoras decidiram destruir boa parte do estoque e fazer a migrar para a nova ortografia de quase todo o catálogo de livros. “Preferimos pagar um preço alto e dar essa opção ao nosso cliente“, diz Martins, que não revela números do prejuízo. 
 
Mas, até por conta do período de convivência das duas ortografias, nem todas as editoras inutilizaram estoques. Algumas decidiram fazer a conversão para a nova ortografia só à medida que os estoques acabarem. “Queimamos algum estoque, mas foi bem pequeno. Perdemos algo em torno de R$ 200 mil com isso. No caso de alguns livros valia a pena fazer a migração, mas em outros vamos revisando à medida que houver demanda“, diz o diretor editorial da Nacional e da Ibep, Antônio Nicolau Youssef.  
 
Mesmo assim, Youssef estima que o catálogo das duas editoras vai estar integralmente adaptado ao novo acordo ortográfico até o fim do ano. 
 

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