Apeoesp é contra o ensino e a educação, ataca José Serra

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O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), atacou nesta segunda-feira, 9, a Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), dizendo que a entidade é “contra o ensino e a educação“. A causa do atrito é a afirmação da Apeoesp de que o motivo pelo qual 3 mil dos 214 mil professores temporários tiraram zero no exame que avalia o magistério do Estado, realizado em 17 de dezembro, foram falhas na organização do teste. Sob este argumento, a entidade entrou na Justiça e obteve decisão favorável que impede o governo estadual de usar os resultados do exame no processo de atribuição de aulas aos professores temporários.  
 
“Não houve (erro na avaliação)“, garantiu o governador. “A Apeoesp é contra a avaliação e faz o possível para atrapalhar o ensino em São Paulo. A Apeoesp é contra o ensino e contra a educação. Quisemos fazer o exame nos professores temporários para melhorar a qualidade. A Apeoesp é contra e foi à Justiça. Fizemos material didático de currículo para ajudar os professores a darem aula e os alunos a terem material para estudar. Eles queimaram em praça pública. Esse é o padrão Apeoesp.“ 
 
A entidade rebateu as críticas do governador de São Paulo: para a entidade, Serra não admite o erro da Secretaria da Educação. “Este é o padrão Serra. Ele está alucinado com 2010“, criticou a presidente da Apeoesp, professora Maria Izabel Azevedo Noronha. 
 
A professora ressaltou que a entidade é séria e tem compromisso com a educação. “Não esperava do governador um comportamento diferente, um governador que não admite que a Secretaria da Educação errou e que não teve competência para aplicar um exame aos professores. É por esse erro que o início das aulas foi adiado“, afirmou. 
 
Maria Izabel disse que o episódio da queima de livros no ano passado não foi uma ação de professores, mas de alunos. “Quero que ele dê nome aos bois e diga quem da Apeoesp estava lá. Ele vai ter que comprovar, isso é leviandade e eu não admito.“ 
 
A juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spolonzi, da 13.ª Vara da Fazenda Pública, aceitou o pedido de liminar da Apeoesp e impediu a Secretaria de Educação utilizasse o resultado das provas no processo de atribuição de aulas aos professores temporários. A disputa judicial adiou o início do ano letivo de 5 milhões de alunos da rede estadual de ensino de 11 para 16 de fevereiro. 
 
Para evitar um novo adiamento, o governo decidiu manter neste ano o critério anterior, que era a classificação por tempo de serviço e títulos. O resultado da prova, que avalia se os professores têm conhecimento da proposta curricular do Estado, seria incluído no processo neste ano. Em nota, a secretaria estadual afirma que “continuará a defender na Justiça a avaliação de professores, com apoio da Procuradoria Geral do Estado (PGE)“. 
 
 
 
Professor “nota zero“ em avaliação pode perder cargo em julho 
Folha de São Paulo – Laura Capriglione 
 
A Secretaria da Educação anunciou ontem que insistirá em fazer da prova realizada no dia 17 de dezembro um dos critérios para a escolha de 100 mil professores temporários da rede estadual de São Paulo. 
 
“Se houver respaldo legal“, diz a secretaria, no meio do ano será divulgada uma nova classificação dos candidatos a professores temporários, dessa vez levando em consideração ainda a prova (além de tempo de serviço e títulos). Não diz, porém, o que ocorrerá com os docentes temporários já escolhidos. 
 
A intenção da secretaria foi comunicada no mesmo momento em que a Apeoesp, o sindicato dos professores, comemorava a decisão judicial que derrubou -por ora- a prova. 
 
A Apeoesp espalhou faixas nas escolas que diziam: “Exigimos respeito aos nossos direitos. “Provinha“ nunca mais“. 
 
A atribuição de aulas para os temporários, que começou ontem em todo o Estado, deve se estender até sexta-feira. A contratação dos 100 mil temporários pela Secretaria da Educação para ministrar aulas é uma forma de suprir a carência de concursados (130 mil). 
 
Depressão 
 
A professora de geografia Irene (nome fictício a pedido dela), 52, tem 20 anos de magistério. Há quatro, está afastada por causa de uma depressão. Na prova da Secretaria da Educação, ela tirou zero. “Estou com a visão turva, com mal-estar, não consigo ler o texto“, escreveu na prova. Não respondeu a nenhuma pergunta. 
 
Irene recebeu ontem às 15h a incumbência de ministrar 32 aulas por semana, em três escolas da zona sul. Logo em seguida, ela procurava dicas junto a colegas sobre como voltar para a licença médica. “Preciso de pelo menos mais 60 dias“, dizia. 
 
Irene é uma entre os cerca de 1.500 professores em toda a rede estadual de ensino que, mesmo tendo “zerado“, devem conseguir o direito de dar aulas na qualidade de temporários. 
 
Com a derrubada da prova, candidatos com longo tempo de serviço, como Irene, mesmo com desempenho pífio, passaram à frente, na classificação, de professores que foram bem, mas são jovens na rede. 
 
Na diretoria de ensino Sul-2, responsável pelas 87 escolas estaduais de bairros como o Capão Redondo, Jardim São Luiz e Jardim Ângela, que estão entre os mais pobres de São Paulo, cerca de 4.000 professores tinham ontem os olhos em painéis com as listas de classificação. Em sua maioria, eles moram nos mesmos bairros carentes em que disputam trabalho. 
 
Wanda levou o filho de dois meses para a atribuição de aulas. Ela lecionava no ano passado. Se não pegar nenhuma neste ano, perderá o direito à licença-maternidade, que no Estado tem a duração de seis meses. “É questão de vida ou morte para mim e para meu filho.“ 
 
“Nossa região tem muito desemprego e pobreza. Queremos estabilizar esses temporários, garantir-lhes o emprego, para que eles possam enfim se dedicar ao ensino e aos alunos“, disse Severino Honorato Silva, 38, conselheiro da Apeoesp. 
 
 

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