Para a maioria dos brasileiros, a educação no Brasil está melhorando, mas ainda de forma lenta e a raiz para os principais problemas do ensino público está em professores desmotivados e mal pagos. É o que aponta uma pesquisa divulgada hoje (16) pelo Instituto Ibope e o Movimento Todos Pela Educação.
Para quase 70% dos mais de 2 mil entrevistados, o ensino público no Brasil é bom (34%) ou regular (35%). Outros 13% acham que a educação na rede pública está péssima e 7% a consideram ótima.
O estudo revela ainda que a população atribui grande peso aos professores no processo educacional. Professores desmotivados e mal pagos foram o item mais votado como principal problema da educação no Brasil, apontado por 19% dos entrevistados.
Os docentes estão em três das cinco respostas mais citadas como deficiências centrais do ensino. Além de acreditar que os profissionais são mal remunerados, para 12% dos entrevistados faltam professores nas escolas e 11% acreditam que eles são desqualificados.
Quase metade dos participantes da pesquisa aposta em uma boa remuneração salarial como o principal fator de motivação do trabalho do professor. Verificar que seus alunos estão aprendendo foi citado como o segundo fator que mais motiva o exercício da profissão. Apenas 7% acredita que a motivação esteja ligada a bons recursos didáticos e 4% aposta no trabalho das secretarias de educação como fator decisivo no processo.
Além de apontar o professor como peça-chave no processo educacional, o estudo revela que a população está preocupada com a violência nas escolas. A falta de segurança e a presença das drogas no ambiente escolar aparece como o segundo principal motivo para a má qualidade do ensino, apontado por 17% dos ouvidos na pesquisa.
Sociedade está mais consciente do papel do professor, acreditam especialistas
Agência Brasil – Amanda Cieglinski
Pesquisa divulgada nesta segunda (16) mostra que a desvalorização do professor é o principal problema do ensino público no país na opinião da população. Para a secretária da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Juçara Vieira, o intenso debate sobre a lei que estabeleceu o piso nacional de R$ 950 para o magistério, no ano passado, trouxe o professor para o foco do processo educacional.
“A sociedade está percebendo que, embora muitos fatores interajam na educação, a figura do professor continua sendo central porque ele é o organizador das atividades educativas e o catalizador da energia intelectual do aluno para que ele consiga aprender. Ela [sociedade] percebe que um trabalho que tem esse alcance social deveria ter uma remuneração adequada“, avalia Juçara.
Apesar de ter sido aprovada pelo Congresso Nacional, a lei que estabelece o piso nacional para a categoria está sendo questionada por governadores no STF (Supremo Tribunal Federal). Na avaliação de Mozart Neves, presidente do Movimento Todos pela Educação, entidade responsável pela pesquisa, R$ 950 não é “nada extraordinário“.
“O salário inicial de alguns profissionais, como advogados e engenheiros, são valores bem mais importantes do que o que um professor ganha hoje na rede pública. Os países que estão no topo da educação mundial dão um salário inicial extremamente atraente para trazer os melhores alunos para a profissão“, aponta.
Mozart acredita que, além de salários mais altos para atrair jovens talentos para o magistério, a equação se completa com uma formação adequada aos professores. “O grande desafio passa por um esforço do ensino superior para uma formação dos nossos professores que seja adequada à realidade“, avalia.