Um estudo aponta que 64% dos jovens e adultos brasileiros que chegaram até a quarta série não conseguem ler e entender textos longos. Outros 12% continuam completamente analfabetos, mesmo após os quatro anos de estudo. Os números se baseiam em pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).
Esta segunda-feira (8) marca o Dia Internacional da Alfabetização, instituído pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). E no país há muito trabalho antes da comemoração. Entre os motivos para tamanha defasagem de aprendizado, estão salas de aula lotadas, professores não especializados em alfabetização e falta de material que estimule e facilite o aprendizado.
“As frases típicas de cartilha, tais como o boi bebe e babá o dedo é de didi. São frases construídas artificialmente pra criança aprender a ler e escrever. Elas são chatas e não estão a serviço da comunicação“, afirma a educadora Silvia Colello.
Na sala de aula, uma pergunta estranha tem resposta perturbadora. “Por que você acha que na escola é mais difícil aprender?” “Porque eles não ensinam”, responde Rodrigo, de 8 anos.
Hora de aprender
Crianças de até 12 anos estão aprendendo a ler e escrever o nome completo em uma ONG em São Paulo, que supre carências dos que tiveram poucas oportunidades em casa e na escola pública.
“Quanto mais textos completos, poemas da cultura popular, jogos, brincadeiras, a criança tem na memória, mais fácil ela se alfabetiza”, diz o coordenador Claudemir Belintane. A escola particular vai além, crianças ainda menores fazem o jogo da forca numa lousa digital… Nada de aéiou, dádédidódú.
Para Belintane é tarefa do governo e da sociedade fazer com que esse não seja um privilégio de poucos. “É preciso uma política e um programa que centre toda a atenção na leitura e na alfabetização neste país”.