Dicionários buscam significado para elevar lucros com a web

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Se a língua é dinâmica, o mercado de dicionários precisa ser versátil e buscar alternativas de negócios para a sobrevivência num ambiente competitivo e em permanente transformação. Entre as novidades na área estão a adoção de modelo inspirado na Wikipédia, a biblioteca virtual abastecida pelos usuários da rede. No caso dos dicionários, isso siginifica que os leitores virtuais podem enviar sugestões de verbetes. Outra estratégia é obter receita por meio de patrocínios e venda de publicidade nas versões digitais.  
 
O Caldas Aulete é um bom exemplo. Um dos mais antigos e tradicionais dicionários do Brasil, hoje atua na internet e conta com a colaboração de usuários, que enviam cerca de 100 sugestões de verbetes por mês pela web – 10% são aproveitadas. “A língua é viva. Por isso, nada melhor que contar com a ajuda do usúario para as atualizações“, afirma Carlos Augusto Lacerda, diretor e editor da Lexikon, empresa responsável pelo Aulete Digital, versão digital do Caldas Aulete. Essas dicas são analisadas por um corpor editorial. Para gerar receita, o caminho são os patrocínios e venda de publicidade. “Em cerca de 12 meses de operação, captamos R$ 1,3 milhão por meio da Lei Rouanet. O objetivo agora é elevar a veiculação de publicidade no site, que hoje é pequena“, reforça.  
 
Emerson Santos, diretor-geral da Divisão de Livros e Periódicos da Editora Positivo – responsável pela publicação do Dicionário Aurélio -, opta por outro caminho. “Nosso dicionário não segue o modelo wiki ainda. Não temos nenhum projeto consolidado, mas não está fora dos nossos princípios“, diz . Segundo ele, fatalmente o mercado vai esbarrar em colaboração. A empresa tem hoje uma versão on-line do dicionário- que é acessada em sites, com conteúdo fechado (ou seja, apenas para assinantes).  
 
“A tendência das pessoas de migrarem da versão impressa para a eletrônica é cada vez maior“, acredita Solange Monaco, gerente-editorial da Larousse do Brasil. No País, a empresa tem apenas versão em CD do dicionário. Mas na França o produto pode ser acessado on-line e tem a colaboração dos internautas para a produção de verbetes. Solange diz que direção no Brasil ainda não decidiu como será a versão digital, nem se usará o conceito wikipédia.  
 
Na Editora Melhoramentos, a colaboração dos internautas está em estudo. O dicionário on-line do Michaelis, em parceria com o portal Uol, recebia sugestões de verbetes. “Foram mais de seis mil sugestões e aproveitamos efetivamente 400 verbetes“, diz o diretor-geral da empresa, Breno Lerner. Na sua opinião, foi um número baixo de aproveitamento – a editora estuda uma reformulação para que tenha um aproveitamento melhor.  
 
Apesar da existência da versão on-line, Santos diz que o Aurélio tradicional ainda é o “carro-chefe“ das vendas. Na Melhoramentos, o dicionário eletrônico e as licenças para a internet representam cerca de 12% dos negócios. “A parte eletrônica não chega nem perto da impressa“, afirma Lerner. Os negócios sob a marca Michaelis movimentam R$ 20 milhões por ano para a editora. Ele acrescenta que o Michaelis possui acordos com o Uol e o IG. “Quem comercializa a publicidade ou patrocínios são os próprios portais“, afirma o executivo, que não revela o valor das licenças.  
 
O diretor-geral da Divisão de Livros e Periódicos da Editora Positivo acrescenta que a versão digital não suprime a impressa. Mas, na Larousse do Brasil, por exemplo, as vendas impressas caíram. Solange afirma que no caso da enciclopédia ilustrada o volume de vendas diminuiu e, no dicionário, não – pois existem as compras governamentais. A última aquisição do governo federal ocorreu em 2005: 6,4 milhões de exemplares, distribuídos nos últimos dois anos.  
 
Também se percebe a tendência do setor de usar as leis de incentivo, com cotas de patrocínio. Na Positivo, ainda não existe. Mas, segundo Santos, a empresa não está “fechada para isso“.  
 
Para Santos, o Brasil tem potencial de aumento de vendas de dicionários por dois motivos: a necessidade do estudante e o acordo ortográfico – que mudará a grafia das palavras. “A tendência é acelerar o crescimento, mais que o histórico“. As versões pequenas do Aurélio e do ilustrado já seguem as regras do acordo ortográfico.  
 
 

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