Bienal do Livro de São Paulo tem dia dedicado a discutir o papel e importância da mulher no mercado editorial

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A terça-feira (10) no Papo de Mercado MVB – espaço oficial da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo que conta com curadoria de Cassia Carrenho – foi dedicada a discutir a posição, relação e importância da mulher no mercado editorial. Com apoio do PublisHer, a programação focou novamente na parte prática, com o objetivo de fazer com que o público presente saísse com ideias e atitudes diferentes.

A apresentação de dados, o compartilhamento de experiências e o foco na autoestima e autoconhecimento também foram pontos de destaque na programação durante o dia.

Na parte da manhã, Daniela Senador – empreendedora, consultora de inteligência de negócios, mentora de desenvolvimento profissional e professora da Faculdade LabPub – conduziu uma oficina prática sobre evolução profissional para mulheres que buscam mudanças significativas em suas carreiras.

A reunião focou no desenvolvimento de competências, organização de ideias e no autoconhecimento e autoestima, duas palavras citadas inúmeras vezes durante a programação.

Na parte da tarde, Bodour Al Qasimi, fundadora do PublisHer, gravou um rápido recado para o público presente falando sobre o movimento internacional para trazer mais mulheres para o mercado do livro e focando na união. “A gente muda a realidade estando juntas. Vi em primeira mão o impacto da solidariedade e o poder da união”, disse.

Logo depois, Margarita Cuéllar Barona, diretora do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc), apresentou um estudo sobre a realidade da mulher no mercado editorial da América Latina. A pesquisa pegou dados de 228 editoras da Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala e Peru – e, segundo Cuéllar, há a possibilidade de aplicar o estudo no Brasil, Espanha e México.

Assim como no Brasil, a pesquisa mostra que o mercado editorial na América Latina é dominado por mulheres e por pequenas empresas – 76,4% das editoras que responderam as 24 perguntas do estudo têm menos de seis funcionários.

É interessante notar que nas empresas pequenas, as mulheres ocupam cargos de gerência em 80% dos casos. Nas empresas maiores, é o contrário: a porcentagem de mulheres nos cargos de direção cai para 20%. “Vimos também o movimento de mulheres abrindo suas próprias empresas para se darem a oportunidade de serem suas próprias chefes e construírem seus próprios times”, comentou Margarita, que destacou ainda a particularidade do Brasil, onde há mulheres em cargos de poder em grandes editoras e em entidades do setor como a IPA (com Karine Pansa) e CBL (com Sevani Matos).

Em relação à área de trabalho, 60,3% das mulheres trabalham com edição; 14,2% nas áreas de administração e contabilidade; 7,8% com revisão; 5,7% em comunicação e marketing; 4,3% com desenho; 2,1% estão na direção de coleções; 2,1% na gestão editorial; 2,1% na ilustração e 1,4% em cargos relacionados ao comércio exterior.

Outros dados que não trazem muita surpresa são que as mulheres do mercado contam com alto nível de formação e com carga horária acima de 40h – principalmente as que ocupam cargos de direção.

“Como eu faço? Eu durmo menos”, disse Karine Pansa, presidente da IPA e proprietária e diretora editorial da Girassol no painel seguinte, que reuniu ainda Sevani Matos (presidente da CBL), Renata Muller (diretora executiva da Abrelivros) e Fernanda Garcia (diretora executiva da CBL), com mediação de Flavia Bravin (Cogna/Saber Educação).

Na conversa em tom descontraído e com participação do público, elas compartilharam experiências pessoais e deram dicas de como se destacar no mercado. “Estudem. Estudem, procurem conhecimento, mentorias e conversem com profissionais do setor”, instruiu Sevani. “Nós estamos sempre abertas e precisando de novas pessoas para participar das entidades do livro”, completou Karine.

Mantendo o tom informal, o último painel do dia reuniu Ana Paula Matos (head da Saraiva Educação), Talita Cordeiro (mestre em gestão de pessoas e consultora), Vanessa Simões (headhunter e sócia-fundadora da VSX Pessoas), Daniela Ono (consultora de cultura e gente dos negócios editorais do grupo Cogna), e Cassia Carrenho (vice-reitora da Faculdade LabPub e curadora de diversos eventos do mercado, incluindo o Papo de Mercado).

“Sejam vocês mesmas. O sucesso pode demorar para chegar, pode ser difícil – e quase sempre é, muito – mas a gente consegue, a gente chega lá”, encorajou Cassia.

A conversa focou em entender e explicar de onde vem a falta de autoconfiança das mulheres e constatar que na grande maioria dos casos, as mulheres estão bem mais preparadas para assumir novas responsabilidades. O que falta é a confiança. “Negociar salários, por exemplo, não é o forte da mulher”, disse Talita. “O que precisamos é assumir riscos e pensar grande, porque estamos sim preparadas para assumir toda e qualquer responsabilidade que nos for imposta”, finalizou Vanessa.

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