“A utilização de Inteligência Artificial nas escolas pode potencializar conteúdos e melhorar a curva de inclusão digital”

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Ao participar do Encontro de Editores Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) no início junho, no painel “Inteligência Artificial e seus Impactos Práticos no Setor Editorial: O que Mudou no Dia-a-Dia do Seu Trabalho?”, André Palme, coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasileira do Livro e sócio e CMCO do Skeelo, destacou-se ao falar sobre a importância da Inteligência Artificial para o setor do livro e para a educação. André ressaltou que a IA é uma ferramenta que chegou para ajudar o mercado, que é preciso olhar para os dados como forma de conhecimento e não somente como informação. André destaca que mesmo estando a indústria e sociedade diante de uma nova era digital, a criatividade humana não será substituída.

“Mesmo grandes revoluções são graduais. Estamos vivendo o avanço da tecnologia, mas devemos olhar com a tranquilidade. A Inteligência Artificial está sendo incorporada no nosso dia a dia. Está revolucionando processos de produção, desde a criação de audiobooks até a tradução de textos, tornando esses processos mais eficientes. No nosso setor, temos um potencial utilização da IA para criar novos formatos de conteúdo e melhorar a acessibilidade, especialmente para pessoas com deficiências visuais”, afirma. Nesta edição, a Abrelivros em Pauta conversou com Palme, que destacou suas perspectivas sobre a educação na era da Inteligência Artificial, abordando como essa tecnologia pode transformar a maneira como aprendemos e ensinamos.

Como você enxerga a educação nesta era da Inteligência Artificial?

Acredito que a educação é sempre sobre preparar as pessoas da melhor forma para viverem no mundo, seja de uma maneira mais ampla, seja de maneira mais específica em áreas de atuação. Levando isso em conta, a Inteligência Artificial surge como uma ferramenta que precisa ser entendida e utilizada para que se tire o melhor dela, dentro das necessidades de cada pessoa. Acredito que, como ferramenta, a Inteligência Artificial pode facilitar processos, desburocratizar atividades, mas sempre com o foco de uma ferramenta de potencialização.

Na sua visão, o que mudou na Inteligência Artificial para utilização na educação?

Em primeiro lugar, acredito que é preciso admitir a chegada da Inteligência Artificial e da tecnologia. Ainda vejo discussões sobre ter ou não o celular na sala de aula. Claro que o tempo de tela é um ponto que exige atenção e vigilância constante, mas é preciso trazer a tecnologia para dentro da educação e não a excluir. Porque ela existe, está aí, muita gente usa, e afastá-la da educação é perder um recurso e tanto. Acredito que com a chegada da Inteligência Artificial mudam as formas de como disponibilizar conteúdo e potencializar aprendizados, mas o conteúdo segue sendo o mesmo: o conhecimento.

Olhando mais para o setor editorial, como você observa que a Inteligência Artificial tem se relacionado com a produção de livros e conteúdos didáticos?

Muita gente já usa a Inteligência Artificial no dia a dia para agilizar e facilitar alguns processos. O ChatGPT se tornou copiloto de muita gente, o que é positivo. Isso não significa remover os profissionais de seus ofícios, mas dar a eles, dentro de suas caixas de ferramentas, mais uma alternativa. Tenho um exemplo pessoal: eu escrevo mensalmente uma coluna para um site espanhol. Mesmo falando espanhol, uso o ChatGPT para uma primeira tradução (que me salva bastante tempo) e, a partir deste material bruto, reviso da maneira que entendo ser mais coerente para o objetivo e para a audiência que vai ler o artigo. Então, em muitas partes de toda a cadeia de produção, divulgação e venda de livros, a Inteligência Artificial já pode ser inserida para ajudar os profissionais da indústria a trabalharem de maneira melhor e mais eficiente.

Como conciliar os avanços da Inteligência Artificial generativa com a necessidade de respeito aos direitos autorais?

Essa, para mim, é a maior discussão sobre este assunto e onde deveríamos olhar com mais atenção. Todo o uso no dia a dia, para facilitar o trabalho dos profissionais, é algo que vai acontecer organicamente; as pessoas vão descobrindo as ferramentas e isso vai se acomodando na rotina delas. Com os direitos autorais, não. É preciso que nós, como indústria, façamos um esforço ativo para que os direitos sejam preservados e que estejam claras duas coisas: a forma de remuneração quando a Inteligência Artificial é usada em um processo de criação, tradução, etc., e a quem pertence o copyright quando a Inteligência Artificial é usada: a quem operou a ferramenta, à empresa que desenvolveu o software, ou ambos. É uma discussão que precisa ser levada muito a sério, para que a IA não deixe de ser uma ferramenta e vire um vilão.

Falando sobre Educação, como a educação pode aplicar a Inteligência Artificial para alcançar melhores resultados de aprendizagem?

Acredito que alguns usos básicos já são bem legais: pesquisa de temas, curadoria de informação, auxílio em outros idiomas e como uma ferramenta para integrar mais a tecnologia no dia a dia da aprendizagem.

 

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