Impacto da Reforma Tributária no setor, Lei Cortez e Aplicação de Inteligência Artificial foram temas do 3º Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos

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A terceira edição do Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, realizado em Atibaia, São Paulo, encerrou sua programação na última sexta-feira, 7 de junho. O evento organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), abordou os principais temas do setor editorial, como a regulamentação da reforma tributária, a Lei Cortez, a aplicação de Inteligência Artificial na produção editorial e oportunidades para autores independentes, entre outros assuntos.

Durante os três dias de evento, participaram 433 pessoas. Foram 21 expositores e 31 patrocinadores, oferecendo uma programação com mais de 20 mesas e palestras.

Com um aumento de 28,5% no número de participantes em relação ao ano passado, Sevani Matos, presidente da CBL, comemorou o sucesso do evento: “Estamos muito felizes com a realização desta edição do encontro. A participação expressiva de mais de 430 pessoas demonstra a relevância e a força do nosso setor. Agradecemos a todos os participantes, palestrantes e patrocinadores por contribuírem para o êxito deste evento.”

Na quinta-feira, 6 de junho, Adriano Vieira, Gerente Tributário da Cogna Educação, iniciou a programação do dia com a apresentação das principais mudanças da reforma tributária para o setor do livro, com a participação de Fernanda Garcia, Diretora Executiva da CBL. Vieira destacou que a reforma propõe a substituição de diversos tributos sobre consumo (ISSQN, ICMS, IPI, PIS e COFINS) pela CBS, IBS e IS, o que pode resultar em um aumento significativo nos custos da cadeia do livro. “Teremos um aumento médio de 16% na produção do livro”, explicou.

Fernanda Garcia complementou: “Agora o trabalho será junto ao parlamento. A CBL, juntamente com as entidades Abrelivros, Abraspe e SNEL, tem um grupo de trabalho dedicado a este assunto. Há um entendimento de que o livro não pode ficar mais caro, e trabalharemos para que isso não aconteça.”

Outro destaque foi a discussão sobre a Lei Cortez, com a participação de Guido Cervetti, Gerente Comercial da Big Sur, e mediação de Alexandre Martins Fontes, Presidente da ANL. Cervetti enfatizou a importância da lei que equipara o preço do livro na Argentina, destacando que a legislação fortaleceu o setor livreiro durante a pandemia e evitou o fechamento de livrarias independentes. “Sem livrarias, não há editores; sem editores, não há escritores. Precisamos formar mais leitores e ter mais bibliotecas públicas,” afirmou Cervetti. Os participantes debateram as diferenças entre os países que adotam leis e regras para organizar a prática de descontos por parte das editoras e livrarias.

O painel “Autores Independentes: Um Mercado de Oportunidades para o Setor Editorial” contou com Daniel Pinsky, fundador da Editora Labrador; Luciana Soares, fundadora e CEO da Aziza Editora; Lucy Miguel, líder de Kindle Direct Publishing (KDP) da Amazon Brazil; e mediação de Lilian Cardoso, fundadora da LC Agência de Comunicação. Pinsky recomendou que autores independentes submetam seus originais às editoras e participem de concursos. Soares destacou a importância de as editoras entenderem os mercados específicos e os públicos diversos. Miguel ressaltou a necessidade de entender o público para melhor organizar os gastos de publicação.

A distribuição também foi um tema central, com Luciana Borges, Líder Comercial no Grupo Companhia das Letras; Rodrigo Belinski Borges, Gerente Comercial da HarperCollins Brasil; e Simei Junior, Head de PoD da Bookwire, discutindo estratégias para descentralização e novas oportunidades de mercado, com mediação de Claudia Machado, Gerente de Marketing na Catavento. Os palestrantes enfatizaram a importância de estar presente em bibliotecas físicas e digitais, além de explorar novos canais de distribuição.

Gerson Ramos destacou a necessidade de garantir representatividade nas mesas de discussão, enquanto Hubert Alquéres falou sobre a importância de conhecer novas tecnologias e novos profissionais no mercado. Discussões sobre acessibilidade e o papel fundamental do livro impresso também foram abordadas.

Nesta sexta-feira, 7 de junho, último dia de programação do Encontro, a mesa “ESG: Práticas Reais para o Mercado Editorial” contou com as participações de Flávia Bravin, Sócia da Cogna Educação; Gerson Ramos, Diretor Comercial da Editora Planeta do Brasil; Viviane Lima, Gerente Comercial da Suzano Papel e Celulose; e mediação de Vanessa Pinsky, Especialista em Sustentabilidade ESG.

Durante o painel, Flávia destacou a importância de estimular o hábito da leitura dentro da equipe das empresas como uma ação de sustentabilidade. “Cada vez que incentivamos a leitura, estamos promovendo letramento e sustentabilidade. Na Cogna, estabelecemos metas para impactar 150 mil professores em sua formação, o que é benéfico tanto para a educação pública quanto para nós. Metas claras ajudam a direcionar nossos esforços,” afirmou Flávia Bravin.

No painel “Inteligência Artificial e seus Impactos Práticos no Setor Editorial: O que Mudou no Dia-a-Dia do Seu Trabalho?”, participaram André Palme, Sócio e CMCO do Skeelo e Coordenador da Comissão de Inovação e Tecnologia da CBL; Camila Cabete, Head de Conteúdo e Sócia na Árvore e Membro da Comissão de Inovação e Tecnologia da CBL; Ricardo Costa, CEO da MVB América Latina; e mediação de Fábio Uehara, Diretor Editorial da Tocalivros e Agente Comercial da Tocacast.

Camila Cabete compartilhou sua experiência com o uso de IA: “Gosto de treinar o ChatGPT com meu estilo de escrita. Tudo depende do seu prompt. Você precisa aprender a se expressar para tirar o melhor da plataforma que está usando. O produto humano será muito mais valorizado. Precisamos discutir a questão dos direitos autorais e garantir uma regulamentação adequada.” André Palme comentou sobre as expectativas em relação à IA: “Queremos que a inteligência artificial faça tudo por nós, mas precisamos sempre avaliar os conteúdos. É uma ferramenta para nos ajudar, para economizar tempo, mas não substitui a criatividade humana. Essa fagulha de insight e avaliação, a ferramenta nunca vai ter.”

Ricardo Costa destacou a importância da interação humana no processo de produção: “A produção é humana, e a IA é uma ferramenta que utilizamos para ganhar tempo, da revisão até a entrega do produto final. Não vejo a IA produzindo algo criativo por si só, mas ainda acho que está longe de atingir esse ponto.”

Na mesa que abordou “Drupa 2024: As Novidades e Tecnologias na Maior Feira da Indústria Gráfica”, participaram Diego Drumond, da Faro Editorial e Drummond Livraria; Reginaldo Damasceno, Diretor da ABIGRAF e Diretor de Produção Gráfica da FTD Gráfica e Logística; Wellington Rehder, Diretor da ABIGRAF e CEO da Viena Gráfica e Editora; e mediação de João Scortecci, Presidente do Grupo Editorial Scortecci e Presidente da Abigraf.

Para João Scortecci, o mercado está passando por um momento de fortalecimento do livro impresso: “Sentimos que o livro impresso está tendo um retorno forte e tem vida longa.”

As tendências apresentadas na Drupa deste ano mostraram novas tecnologias, novos profissionais e novas profissões. “As gráficas do Brasil já estão se adaptando a essas novidades, e o investimento em departamentos de criação e equipamentos de produção é essencial. O grande destaque da Drupa foi o avanço dos softwares, que estão revolucionando a produção gráfica”, disse Scortecci. Diego Drumond complementa: “A Drupa deste ano apresentou possibilidades para a indústria. Observamos uma consolidação na impressão digital, com maior qualidade e velocidade. Automação permite a produção de livros mais customizados, democratizando o mercado com acesso e possibilidades para todos.”

 

 

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