Editoras de livros religiosos formam subsetor com maior crescimento no setor editorial em 2023

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O subsetor de livros religiosos apresentou, em 2023, um crescimento nominal de 4,5% nas vendas ao mercado em comparação com o ano de 2022: são dados da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgados no último dia 22. Na pesquisa, o setor do livro é dividido em quatro tipos de editoras, e aquelas que declaram nos religiosos sua principal fonte de faturamento estão nesta categoria.

Embora a inflação faça o faturamento se manter no mesmo nível entre 2022 e 2023, o subsetor foi o que apresentou maior crescimento nominal – a frente de didáticos, obras gerais e CTP –, num ano em que livros devocionais e outras obras religiosas “romperam” a bolha das livrarias especializadas e chegaram às lojas comuns, ostentando números nas listas de mais vendidos, vencendo Prêmio PublishNews e chamando atenção do mercado como um todo.

A variação positiva do preço médio do livro religioso foi de 8,7% segundo a Pesquisa, patamar superior ao do mercado geral. Entre os canais de vendas, livrarias seguem no ponto (com 34% do faturamento das editoras atribuído a esse canal), seguidas por distribuidores (17,3%), igrejas e templos (15,2%) e livrarias exclusivamente virtuais (15,2%).

As livrarias apontadas pelo subsetor, de maneira mais comum, são livrarias especializadas em obras religiosas, muitas vezes localizadas ao redor de igrejas e templos – que continuam também como canal de vendas relevante. Apesar disso, os meios mais tradicionais perderam um pouco do espaço no faturamento em 2023, conforme o gráfico abaixo. Quem ganhou foi, justamente, a categoria “site próprio/marketplace”.

Na avaliação de Vitor Tavares – sócio da Drummond Livraria e da Distribuidora Loyola, que tem bom trânsito com as editoras de religiosos –, o subsetor tem chamado a atenção de livreiros em geral. “Vários livreiros não especializados nesse segmento estão abrindo espaços para a literatura religiosa em suas lojas físicas e em seus e-commerces/ marketplaces”, aponta. “Temos ainda observado vários novos empreendedores livreiros de várias partes do país abrindo cadastros e buscando informações de como empreender nesse setor para abrir lojas físicas e lojas virtuais no segmento”. A Loyola acaba de fechar uma parceria com a Livraria Leitura para abastecer com livros religiosos a maior rede de livrarias físicas do país.

Outra medida nesse sentido é uma conversa que existe no subsetor para aprimorar cada vez mais os metadados, e assim disponibilizar mais facilmente os livros para lojas não especializadas.

O diretor de operações da Editora Mundo Cristão, Renato Fleischner, conta que, no segmento de Bíblias, a opção foi optar por edições diferenciadas, em detrimento das de baixo custo. “No segmento de livros, investimos em obras de ficção com foco no público infantojuvenil e jovem. Além disso, nossas redes sociais tiveram parcela importante de nossa atenção e investimento em comunicação com resultados significativos em engajamento”, compartilha.

A Editora, por outro lado, não possui um canal próprio de vendas e não trabalha diretamente com marketplaces. As vendas dos primeiros cinco meses de 2024 indicam uma projeção de resultado bem acima da inflação, segundo a casa.

Já as Edições Loyola – que trabalham com livros religiosos e também CTP – fizeram alterações na sua estratégia de e-commerce nos últimos meses. “O e-commerce tem sido o trabalho com fundo de catálogo, estudado mês a mês e garantindo um retorno bem interessante para a editora, uma vez que este tipo de produto não é bem trabalhado pelos outros canais de distribuição”, explica o diretor de Marketing e Comercial de Edições Loyola, Paulo Moregola. “Uma oportunidade de fazer bons livros obterem seu merecido destaque e chegar ao público final”, resume. Ele comenta que em 2023 viu um equilíbrio nas vendas do subsetor de religiosos frente a 2022, e um crescimento nas vendas para o governo no seu subsetor de CTP.

A Thomas Nelson Brasil, parte da HarperCollins Brasil, cresceu em 2023 mais de 50% em relação ao ano anterior – também por causa dos destaques O Deus que destrói sonhos, de Rodrigo Bilbo, e Forte, devocional da autora Lisa Bevere, com 300 mil e 200 mil exemplares vendidos respectivamente, segundo a editora. Em 2023, a Thomas Nelson Brasil cresceu mais de 100% no segmento de Bíblias e planeja crescimento de dois dígitos para 2024.

Vitor Tavares lembra que o calendário de vendas dos livros religiosos é movimentado durante todo ano, muito em conta dos feriados e festas, como Natal, Páscoa, festas dos santos juninos, Corpus Christi e também vários congressos religiosos. Na Loyola Distribuidora, cerca de 70% das vendas de livros religiosos são para pequenas e médias livrarias físicas.

Ele explica que diversas edições da Bíblia são destaque de vendas ano após ano, bem como os livros de padres e pastores de sucesso na televisão ou na internet, como Marcelo Rossi, Reginaldo Manzotti, Fábio de Melo e Junior Rostirola.

“Não podemos deixar de citar o Catecismo da Igreja Católica, em diversas versões, Código de direito canônico, devocionários, novenas e quaresma de São Miguel, de N. Sra. Aparecida, manuais e novenas de várias denominações e santos católicos, que vendem milhares todos os anos”, comenta. “Esses números não aparecem maiores na pesquisa devido a muitas editoras e livrarias religiosas não estarem informatizadas e não informarem os números….Por exemplo, há um livro com o título Orações selecionadas. As pequenas livrarias vendem mais de 50 mil exemplares por ano, mas ele não aparece porque os canais de vendas ainda não são automatizados. Precisamos melhorar…”

Números do subsetor de livros religiosos em 2023:
• 5.109 títulos produzidos (novos e reimpressões);
• 52,4 milhões de exemplares;
• 4,5% de crescimento nominal no faturamento de vendas ao mercado (-0,1% corrigido pela inflação);
• 8,7% na variação do preço médio do livro.

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