80% dos alunos de SP não sabem matemática

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Os resultados do Saresp 2007 (exame do governo de SP) divulgados ontem apontam uma situação “trágica“ no ensino de matemática nas escolas públicas do Estado: mais de 80% dos alunos não atingiram os conhecimentos esperados pela própria Secretaria da Educação.  
 
Já em português, esses mesmos estudantes de 4ª e 8ª série do primeiro grau e do 3º ano do ensino médio tiveram desempenho melhor do que em 2005, quando foi realizado o Saeb -exame feito em todo o país.  
O 3º ano do ensino médio foi a série em que os estudantes tiveram as maiores dificuldades em matemática -menos de 5% dos concluintes atingiram o patamar desejável.  
 
Uma das habilidades que a secretaria esperava desses concluintes do antigo colegial, e que, no geral, não foi adquirida, foi a de representar uma fração em porcentagem.  
 
Em uma das questões foi solicitado ao aluno que desse o resultado, em porcentagem, da soma de 1/5 mais 1/10 mais 1/2 -61% erraram.  
 
Um agravante para a situação foi que as médias praticamente não melhoraram em relação a 2005. “A situação é trágica. Os governos concentram esforços na escrita. Um dos resultados disso é que os alunos, depois, fogem das profissões ligadas às exatas“, disse João Cardoso Palma Filho, membro do Conselho Estadual da Educação.  
 
A secretária de Educação do governo José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou que desde 1996 -na gestão Covas (PSDB)- o foco tem sido leitura e escrita porque, sem isso, “os alunos não terão bom desempenho em nenhuma outra disciplina“.  
 
Melhora 
 
Os dados do Saresp, afirma a secretária, mostram que os programas de melhoria da leitura e escrita dos alunos estão surtindo efeito. Ela cita como exemplo as médias dos alunos no próprio Saresp, onde houve melhora em todas as séries analisadas entre 2005 e 2007.  
 
Na 8ª série, o avanço foi de 14,2 pontos (de 228,4 para 242,6). A cada dez pontos, significa que os alunos ganharam seis meses de aprendizagem.  
Ainda assim, a maioria dos estudantes ficou em um nível abaixo do esperado na disciplina (na 8ª, o índice foi de 69,2%). “O resultado foi significativo.  
 
Demos um salto em apenas dois anos. Mas claro que ainda precisamos melhorar“, disse Maria Helena. Sobre as dificuldades em matemática, ela diz que a principal medida será uma “intervenção“ nas cem escolas com piores desempenhos.  
 
O Saresp existe desde 1996, mas sofreu diversas alterações.  
 
Apenas na edição de 2007 ele foi desenvolvido para que fosse comparado com as avaliações do governo federal, como o Saeb e a Prova Brasil.  
 
A secretária afirma que usará os dados para identificar os problemas na rede e desenvolver programas de melhoria. Outra função será avaliar a evolução dos estudantes, o que será uma das bases para o pagamento de um bônus em dinheiro a professores e funcionários das escolas que mais evoluírem em um ano.  
 
Segundo o governo, esses servidores chegarão a receber três salários extras. 
 
 
 
Em SP, 71% concluem ensino médio sem saber o básico de matemática 
O Estado de São Paulo – Maria Rehder 
 
Mais de 70% dos alunos da rede estadual de ensino concluíram o 3º ano do ensino médio sem saber operações matemáticas básicas como transformar uma unidade de medida de metro para centímetro ou resolver problemas de subtração de números decimais menores que 10. É o que mostram os resultados divulgados ontem do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp 2007), aplicado em novembro do ano passado a 1,8 milhão de alunos das escolas estaduais. 
 
A matemática, porém, não foi o único problema do 3º ano do ensino médio. Apenas 21% dos alunos da rede estadual tiveram desempenho considerado adequado em língua portuguesa na avaliação. A secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, reconhece que o modelo adotado na rede para o ensino de matemática não tem dado certo. “O que deu errado é o que estava dando errado há muito tempo. A avaliação de 2005 mostra que o desempenho em matemática está ruim há anos.“ 
 
Ainda neste ano, a rede estadual de ensino vai criar um curso de especialização específico para os professores de matemática, além de reforço para os alunos na disciplina e a realização da competição Jornada de Matemática nas 5,5 mil escolas estaduais. “Estamos com tudo pronto para a recuperação paralela para alunos de 2ª, 3ª e 4ª série que tiveram dificuldades não só em matemática e língua portuguesa. E para 5ª a 8ª e ensino médio, na primeira semana de abril já chegarão materiais com base nas novas propostas curriculares da rede“, explica. 
 
Ao assumir a pasta em junho de 2007, uma das primeiras medidas da secretária foi mudar a escala de avaliação do Saresp para que fosse possível comparar os resultados com as avaliações aplicadas pelo Ministério da Educação (MEC). 
 
Em língua portuguesa, o desempenho dos alunos melhorou em relação a 2005 – ano em que foi aplicado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 2005, a média dos alunos de 8ª série em português foi 228. Já no Saresp 2007, saltou para 243. 
 
RELATIVO 
 
A relativa melhora, porém, não significa que os alunos estejam no nível ideal de aprendizado. Apenas 24% dos alunos de 8ª série da rede, por exemplo, conseguem identificar a intenção de um autor ao publicar uma carta na editoria de opinião de um jornal. A mesma dificuldade é enfrentada por 40% dos alunos do 3º ano do ensino médio. 
 
Segundo Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, o problema atual da rede estadual é que o ensino dá ênfase à área de conteúdo e não para a habilidade do aluno. “O ensino na rede ainda é por área de conhecimento, mas o Saresp avalia a capacidade de interpretação. Por isso, muitos alunos interpretam textos, mas não problemas matemáticos, porque o ensino não deu ênfase à habilidade de interpretar, mas sim de adquirir conteúdos específicos“, explica. 
 
Para Maria Márcia Sigrist Malavazi, especialista em avaliação da Unicamp, além de implantar novas metodologias, é preciso criar um novo projeto para o ensino de matemática. “É muito triste ver o nível em que se encontram os alunos da rede estadual. Mas mudar apenas a metodologia não vai resolver“, diz. 
 

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