São Paulo vai criar apostilas para escolas

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A Secretaria Estadual de Educação está elaborando um material didático único para cada série do ensino fundamental e médio de toda a rede. Segundo a secretária Maria Lúcia Vasconcelos, o objetivo é deixar claro o conteúdo mínimo que deve ser aprendido pelos alunos das escolas públicas. Durante entrevista ao Estado, ela se recusou a pronunciar a palavra “apostila” em referência ao novo material. Ela teme que ele seja comparado ao usado em redes particulares de ensino, como Positivo ou COC. 
 
“Hoje, cada escola faz uma coisa”, diz a secretária. Ela explica que as indicações do material serão depois cobradas em exames como o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), feitos externamente para traçar o desempenho da rede. “Não é possível determinar metas sem ter objetivos”, completa. 
 
Os materiais são como guias e terão síntese de conteúdos, indicações de bibliografia e recomendação de estudos e exercícios. Haverá uma versão para professores e outra para alunos. O nome do projeto será Percurso de Aprendizagem.  
 
Os livros não serão divididos em disciplinas e sim em três grandes áreas: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (que inclui matemática, física, química e biologia), Ciências Humanas e suas Tecnologias (história, geografia, sociologia e filosofia) e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (língua portuguesa e literatura, artes, educação física, língua estrangeira). Segundo a secretária, o material não substitui os livros didáticos. 
 
Especialistas da secretaria já estão elaborando o material que será usado no ensino médio. Ele deve ficar pronto no segundo semestre e será entregue à rede a partir de 2008. Em seguida, a secretaria vai produzir os materiais para alunos e professores de 5ª a 8ª séries. Entre 1ª e 4ª séries, o Estado vai utilizar um material já produzido pela Prefeitura de São Paulo com enfoque em leitura e escrita. 
 
PARÂMETROS CURRICULARES 
 
Hoje, a referência para escolas públicas e privadas no País são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados por educadores no fim dos anos 90 a pedido do Ministério da Educação. Há PCNs para o ensino fundamental e para o médio. Ao serem criados, a idéia era que servissem de orientação para elaboração de currículos nas redes, escolas ou mesmo para o professor individualmente. 
 
Segundo a secretária Maria Lúcia, o material de São Paulo será mais focado que os PCNs, que davam apenas recomendações gerais para as disciplinas. As áreas escolhidas para os livros do Estado são semelhantes às usadas pelos parâmetros. 
 
“O mérito dos PCNs foi justamente mostrar que os conteúdos deveriam ser absorvidos por meio do desenvolvimento de competências e habilidades”, diz o especialista em ensino médio da Universidade de São Paulo (USP) Nilson Machado. Ele lembra que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também foi desenvolvido sem o enfoque no conteúdo. “Essa idéia agora é um retrocesso.” 
 
Para ele, os novos materiais da secretaria paulista podem tirar a liberdade do professor para ensinar seus alunos. “Já existem bons livros sobre todos os assuntos. O professor precisa de tempo para se debruçar sobre eles e montar a estrutura do conteúdo que será ensinado”, completa. 
 
Uma das coordenadoras dos PCNs, a educadora Ana Rosa Abreu diz que é preciso analisar com cuidado esse material assim que ele ficar pronto. Ela questiona como o professor vai relacionar o livro didático que já é utilizado em sala de aula ao novo material. Hoje, cada escola usa livros diferentes dentro de um rol de materiais oferecidos pelo governo. 
 
A rede estadual paulista é a maior do País e tem cerca de 5.300 escolas de ensino fundamental e médio. São mais de 5 milhões de alunos e de 250 mil professores.  

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