Falta material didático e capacitação no ensino de inglês

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Professores de inglês que atuam na rede pública de ensino têm de driblar diariamente desafios, como criar aulas sem receber sequer material didático e capacitação específica para o ensino do idioma, além de assumir salas de aula com até 40 alunos. Em alguns casos, eles também trabalham problemas de alfabetização com alunos da 6ª série do fundamental. Essas dificuldades enfrentadas no cotidiano são relatadas por especialistas e professores de inglês de escolas públicas. É exatamente o debate desses problemas e de caminhos para o ensino da disciplina na América Latina e Caribe que será tema do 11º Labci/British Council Fórum de Políticas da Língua Inglesa, que começa hoje em São Paulo.  
 
Já o Ministério da Educação (MEC) não aplica uma avaliação para medir a aprendizagem de inglês dos alunos brasileiros nem envia às escolas públicas material didático voltado ao ensino da disciplina. “São os professores que têm de preparar suas aulas de inglês, no entanto, não recebem livros nem capacitação para a atuação nas escolas”, afirma Maria Antonieta Celani, coordenadora do programa “Formação contínua do professor de inglês: um contexto para a reconstrução da prática”, desenvolvido pela Cultura Inglesa em parceria com a PUC-SP.  
 
A especialista destaca que muitos professores chegam às salas de aula sem o devido preparo para dar aulas de inglês. “A culpa não é do professor, pois ele, muitas vezes, chega a ter domínio do idioma, mas não é capacitado. O concurso público geralmente avalia os profissionais por meio de questões de múltipla escolha, o que não garante que escrevam bem o inglês.” 
 
Segundo Walkyria Monte Mór, professora do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP), a capacitação oferecida aos professores da rede pública não tem sido suficiente. Mas ela reconhece que a formação na universidade também não tem correspondido às diferenças e necessidades vivenciadas nas escolas. “Entendo que uma política de ensino preocupada com melhorias na educação precisa enfatizar questões que podem fazer a diferença: programas mais realistas de formação de professores, valorização da profissão e integração das universidades com escolas básicas.” 
 
Já Genercida Germano, professora da Escola Estadual Zilda Maria, de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, destaca o número elevado de alunos por sala de aula como problema. “Temos de lidar com estudantes com dificuldades e ao mesmo tempo atender à demanda de uma sala com 40 alunos. Cheguei a ter jovens na 6ª série que não interpretam textos em português.” 
 
Para Carlos Lima, professor de inglês da Escola Municipal CEU São Carlos, na zona leste, o ensino do idioma ainda é visto como disciplina secundária. “Na rede municipal, recebemos um caderno de orientação que ajuda no preparo das aulas, mas o inglês não é prioridade.” 
 
O MEC, por meio de sua Assessoria de Imprensa, informa que a partir de 2008 o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação vai lançar edital para livros didáticos para o ensino do idioma. Já a Secretaria Municipal de Educação informa que enviou neste ano às escolas da rede um acervo com 80 dicionários e 468 livros para o ensino de inglês. A Secretaria Estadual de Educação informou oferecer capacitação a distancia aos professores.  

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