Brasileiros consomem mais livros

O mercado editorial brasileiro comemora o crescimento registrado no primeiro semestre. Com o aumento da escolaridade e da renda da população, sobrou mais dinheiro e interesse para comprar livros. Apesar de não ter seus dados divulgados oficialmente pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) – que ainda dispõe dos números de 2005 – algumas grandes editoras apresentaram bons resultados, que vão além da venda das publicações didáticas. Os gêneros de ficção, literatura e romance ganharam mercado. 
 
Os primeiros seis meses deste ano representaram o melhor semestre da história da Editora Larousse, com um crescimento de 135% no faturamento.  
 
– Foi superior inclusive ao segundo semestre do ano passado, que tradicionalmente concentra mais vendas para as editoras com foco no mercado (livrarias e supermercados) e não no governo – diz o diretor-geral da Larousse, Fábio Godinho. 
 
Esse recorde, diz Godinho, deve-se ao lançamento de uma nova linha de auto-ajuda, composto por dez livros, vendidos por R$ 19,90, além de outros lançamentos: Gastronomia – receitas preferidas do chef Claude Troigrois; A audácia da esperança, de Barack Obama, pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos; e Construindo uma vida, do publicitário Roberto Justus, que vendeu 70 mil unidades. A saída de dicionários, um dos carros-chefe da editora, dobrou em relação a igual período do ano passado e as vendas de publicações paradidáticas ao governo aumentaram. 
 
A expectativa para o ano, diz Godinho, é de, pelo menos, dobrar o faturamento. A editora aposta em alguns lançamentos, como o novo livro do chef de cozinha Alex Atala, a segunda edição do Guia de vinhos do Manoel Beato e da biografia do bispo Edir Macedo.  
 
Godinho destacou que a maior escolaridade e renda dos brasileiros está impulsionando o mercado. 
 
De acordo com especialistas do ramo, o maior investimento em marketing – não só para lançamentos mas também para livros do catálogo – o aumento de novidades nos pontos-de-venda e ampliação da distribuição para além das livrarias contribuíram para o sucesso do mercado editorial neste ano. As publicações vão para supermercados, passando por lojas de departamento até chegar aos catálogos da Avon.  
 
Na Nova Fronteira, houve incremento de 40% nas vendas no primeiro semestre.  
 
– Fizemos uma grande reformulação na empresa, que envolveu a venda para a Ediouro, com mais investimento em marketing – ressalta o diretor-superintendente, Mauro Palermo.  
 
Já na M.Books, que edita livros especialmente para MBAs, as vendas saltaram 15% de janeiro a junho. 
 
– Devemos fechar o ano com este percentual de crescimento – diz o editor Milton Mira.  
 
As vendas da Editora Contexto foram similares às do mesmo período do ano passado. A editora foi impactada pelo lançamento de menos livros e pela ausência da Bienal (que, no ano passado, aconteceu em fevereiro). Especializada em ciências humanas universitárias, a empresa sofreu com greves em algumas universidades e pela invasão da USP.  
 
– Os alunos têm dificuldade de comprar livros e recorrem ao xerox, uma prática que pode estar aumentando – diz o diretor comercial, Daniel Pinsky.  
 
O executivo prevê que o segmento de livros universitários continue desaquecido no segundo semestre, mas a previsão para a Contexto é de crescimento de 10% a 15% no faturamento, graças à contratação de profissionais para a área de divulgação. Pinsky diz que está cada vez mais difícil vender livros nas livrarias por causa da tendência de concentração do setor.  
 
– Mas não podemos ficar parados, temos que provocar a demanda com eventos e ações para os nossos nichos; temos que ser criativos – ressalta Pinsky. 
 
A Doria Associados Editora, especializada em revistas corporativas e de estilo de vida, registrou alta de 20% nas vendas de janeiro a junho. A expectativa para o ano é de crescer 30% em relação a 2006. Já no Ibep e Companhia Editoria Nacional, as vendas aumentaram 42% e 30%, respectivamente.  
 

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