Estudo mostra disparidade digital

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O Brasil é um país profundamente marcado pela desigualdade no acesso às tecnologias e recursos digitais. É o que revela a Rede de Informação Tecnológica Digital (Ripla), em relatório divulgado ontem. Entre as principais conclusões do estudo, duas são particularmente estarrecedoras: as parcelas dos 10% mais ricos da população brasileira têm acesso à internet dez vezes mais do que os 40% mais pobres.  
 
Além disso, apenas 0,8% da população mais pobre acessa a rede mundial em casa, contra 56,3% da população com renda mais elevada, o que significa uma gritante diferença de 7.600%. O Distrito Federal, no entanto, é a unidade da federação que apresenta o menor Índice de Desigualdade Digital (IDD), ou seja, onde as diferenças entre ricos e pobres são menos acentuadas.  
 
Para Júlio Jacobo Waiselfisz, sociólogo que comandou a pesquisa, o levantamento é fundamental para chamar a atenção de governo e sociedade para o novo tipo de segregação e exclusão social que o mundo moderno criou. “Todos falam dos incluídos, de como no Brasil tantos milhões têm acesso à internet, celular etc. Mas ninguém fala dos excluídos, o outro lado da moeda. A intenção é essa, dar visibilidade ao problema“, explica o sociólogo Waiselfisz.  
 
Avanços – A pesquisa, com apoio do Ministério da Educação e do Instituto Sangari, aponta também avanços na área. Por exemplo: o percentual da população com mais de 10 anos que possui computador em casa pulou de 12,5% em 2001 para 18,5% em 2005. E entre os que têm acesso à internet no próprio domicílio, o salto foi de 8,3% para 14,7%. Apesar desse crescimento, o Brasil ainda fica atrás de vários países da América Latina no quesito acesso à rede.  
 
Levando em conta as possibilidades de acesso em outros lugares – trabalho, na escola ou em centros públicos –, 17,2% dos brasileiros se conectavam à internet em 2005, o que deixa o País atrás de Chile (28,9%), Costa Rica (21,3%), Uruguai (20,6%) e Argentina (17,8%). Quando comparado com o desempenho de países mais desenvolvidos, como a Suíça, onde 76,2% da população possui acesso à internet, os números do Brasil são ainda mais frustrantes. No ranking da União Internacional de Telecomunicação, o País aparece na modesta 76ª posição, entre 193 países analisados.  
 
 
Pior índice é no Nordeste 
 
Mesmo tendo aparecido como a unidade da federação com o menor Índice de Desigualdade Digital (IDD) no levantamento da Ripla, o desempenho do Distrito Federal deve ser relativizado, na opinião do pesquisador Júlio Jacobo Waiselfisz. “Isso não significa que a situação no DF está próxima do ideal. Significa apenas que comparativamente com outros estados, o DF está bem. Mas ainda se encontra muito longe de países desenvolvidos“, argumenta.  
 
O DF registrou um IDD 35, numa medição onde a média nacional é 50 (quanto menor o número, melhor a situação). Está também à frente de estados como São Paulo (37,8) e Rio (39,1). Os piores índices estão no Nordeste: Alagoas é o recordista, com 75,6, seguido do Piauí (60,1) e de Sergipe (56,9).  
 
O IDD do DF reflete casos como o de Alex Castro da Silva, morador da Estrutural que há uma semana passou a acessar a internet em casa. “Me sinto mais preparado para o mercado“, diz ele. “Hoje tudo gira em torno da informática. Qualquer emprego, mesmo quando não utiliza, exige conhecimentos nessa área“. 
 

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