´Educação trará mais retorno que fábricas´, diz Lula

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 20, ao inaugurar uma escola técnica na cidade de Inhumas (GO), que os investimentos em educação no País trarão mais retorno do que a construção de uma fábrica ou outra empresa. Ao discursar para mais de mil jovens e políticos locais, Lula afirmou que proibiu o uso da palavra “gasto“ quando se refere aos recursos da educação e cobrou de governadores e prefeitos a responsabilidade de também investir na área.  
 
“Educação não é gasto, é investimento que traz retorno para o País como nenhuma fabrica trará“, afirmou. “Porque cada jovem formado passa a significar a possibilidade do Brasil começar a exportar a inteligência, o conhecimento, o valor agregado. Não ficar exportando apenas soja e minério de ferro, mas exportar inteligência do nosso povo“.  
 
A escola inaugura ontem em Inhumas, a 40 quilômetros de Goiânia, é uma Unidade Descentralizada ligada a um Centro de Ensino Federal de Ensino Tecnológico (Cefet) já existente – uma nova forma que o governo encontrou para ampliar o número de escolas técnicas, criando campus avançado e, assim, reduzindo os custos administrativos e a burocracia. A escola teve as obras iniciadas em 1997, paralisadas em 1998 e retomadas em 2005. Deve começar as aulas no próximo mês com 180 alunos.  
 
Escolas técnicas e federais – Entusiasmado com o tema, o presidente voltou a prometer a expansão das escolas técnicas e universidades federais. “Vamos fazer mais escolas técnicas e universidade que qualquer governo já fez na história desse Pais“, prometeu. “Porque estamos convencidos de que esse é o caminho da igualdade, da cidadania, do crescimento econômico, do fortalecimento da democracia e.sobretudo, para que a gente aprenda definitivamente que é muito mais caro construir uma cadeia que uma escola.“  
 
Lula também voltou a falar da necessidade de usar a educação para evitar a violência. “Não tem outro instrumento para que a gente possa tirar a juventude brasileira da rua e da desesperança, para que a gente possa ganhar a juventude brasileira do crime organizado e do tráfico“, afirmou.  
 
“Não existe outra coisa se a gente não criar uma palavra mágica na cabeça desses jovens chamada esperança e oportunidade. Se a gente não criar essa esperança que poderemos oferecer para vocês um futuro mais digno, uma formação escolar e profissional de qualidade e que vocês vão ter oportunidade de entrar no mercado de trabalho e construir a cidadania plena. Ou despertamos isso em vocês ou vamos criar uma geração de jovens totalmente perdida.“  
 
Falando para uma platéia formada em sua maioria por adolescentes, Lula afirmou que o País já tem hoje uma geração de 18, 19 anos “praticamente perdida“, mas que não perdeu a esperança de recuperá-los. “Eu sou um homem que acredito nas coisas. Se não acreditasse não seria presidente, porque eu estou aqui de teimoso“, disse.  
 
 
 
Plano de Desenvolvimento da Educação deve ser da sociedade, afirma Lula
Programa Café com o Presidente 
 
Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro e começa o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Bom dia, presidente.  
Presidente: Bom dia, Luiz.  
 
Apresentador: Presidente, o plano do governo para melhorar a qualidade da educação, apresentado na semana passada, foi bem recebido pela maioria dos educadores que vieram a Brasília discutir as propostas com o MEC. O que é que tem de novo nesse Plano de Desenvolvimento da Educação?  
Presidente: Luiz, primeiro, o plano foi muito bem recebido. Acho que foi um acerto extraordinário convocar educadores de todo o Brasil para que o ministro Fernando Haddad apresentasse o programa. O mesmo nós vamos fazer com o Conselho Político, chamar todos os líderes e fazer uma apresentação, porque nós não queremos que o programa seja do Ministério da Educação, seja do governo. Nós queremos que o programa seja um programa da sociedade brasileira, mais ou menos como nós fizemos na reforma universitária. Mas, para falar sobre o programa de educação que nós pretendemos implantar, nada melhor do que o próprio ministro Fernando Haddad, que hoje é nosso convidado especial. Essa pergunta, Luiz, seria importante que o Fernando Haddad respondesse. Então, você pode fazer a pergunta para o Fernando Haddad.  
 
Apresentador: Ministro, bom dia. O que é que tem de novo nesse Plano de Desenvolvimento da Educação Brasileira?  
Ministro: Bom dia, presidente. Bom dia, Luiz. Bom, trata-se de 20 ações que vão desde a construção de creches, onde não há oferta de educação infantil, até bolsas para pós-doutorado, ou seja, para que os doutores formados nas nossas universidades não deixem o país. Mas a grande ênfase desse plano é a qualidade da educação básica. Nós, em 2005, realizamos uma prova chamada Prova Brasil, que foi aplicada a 3,3 milhões de estudantes da quarta e da oitava séries do ensino fundamental. Com base nisso, nós temos hoje uma grande radiografia das escolas que vão bem, das escolas que não vão tão bem, dos sistemas municipais que estão em patamares de desenvolvimento equivalentes aos de países desenvolvidos, sistemas municipais que estão muito aquém do desejado. Agora, trata-se do Ministério da Educação apoiar aqueles sistemas que estão com os piores indicadores e promover a qualidade em todo o país.  
Lula: Luiz, eu tenho demonstrado ao ministro Fernando Haddad uma preocupação – nós temos que ajudar os professores brasileiros a se reciclarem. Com o piso dos professores, a gente, certamente, vai melhorar o nível e a vontade deles de participar. Eu penso que a proposta foi bem aceita pelo conjunto da sociedade, porque todo mundo sabe que nós precisamos melhorar a educação no Brasil.  
Ministro: O presidente colocou uma questão essencial. Nessa prova da quarta e da oitava séries, o que ficou demonstrado é que se você não fizer um acompanhamento dos alunos desde os seis anos, quando você constata que esse aluno não está com conhecimento condizente com a sua idade na quarta série, há muito pouco que se pode fazer para recuperar. Então, uma das propostas deste Plano de Desenvolvimento da Educação é fazer um acompanhamento individualizado a partir dos seis anos. É uma provinha, chamada Provinha Brasil, que vai ser aplicada pelo próprio professor, mas para garantir alfabetização no máximo até os oito anos de idade para todos os brasileiros. Uma segunda questão que o presidente fez referência é a questão da valorização e formação dos professores. Valorização mediante fixação do piso nacional do magistério. Nós temos hoje 50% dos nossos professores ganhando menos de R$ 800 por mês, por uma jornada de 40 horas.  
 
Apresentador: Esse quadro vai mudar, ministro?  
Ministro: Esse quadro muda com a fixação do piso que vai ser encaminhado ao Congresso Nacional até o final de março.  
 
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente. Hoje falamos sobre as propostas para melhorar a educação no Brasil e com a participação especial do ministro Fernando Haddad. Ministro, aqueles municípios com situação mais preocupante na educação, o que eles vão receber do governo?  
Ministro: Depende muito da capacidade financeira do município, porque há municípios que estão com baixo indicador de qualidade, mas têm recursos. Esse município precisa de apoio técnico do governo federal. Mas há municípios que, além de um baixo indicador de qualidade, não têm capacidade financeira. Esse município tem que receber tanto apoio técnico quanto apoio financeiro.  
Presidente: Eu penso que nós estamos dando um passo acertado, Luiz, é um passo gigantesco. Nós estamos convencidos no governo de que sem esse passo, a gente não vai resolver o problema da educação no Brasil e, muito menos, o problema da juventude. Veja que são dois problemas: melhorar a qualidade dos meninos que entram na escola agora e trazer de volta os meninos que já saíram da escola por falta de esperança, por falta de interesse, ou seja, as mães quando seus filhos vão para escola, o que a mãe fica sonhando e esperando é que o filho esteja aprendendo. Agora, se a escola não ensina direito, se o menino não está motivado, nós temos que descobrir como fazer para resolver esse problema. Então, aquilo que eu disse no discurso da posse – sabe, nós vamos terminar o nosso mandato com internet banda larga em cada escola municipal brasileira, na escola pública. Nós vamos permitir que os brasileiros sejam tratados em igualdade de condições. Uma dessas condições que garante cidadania é você permitir que eles tenham acesso à internet no mais longínqüo município brasileiro.  
 
Apresentador: OK, presidente. Obrigado e até a próxima semana com mais um Café com o Presidente.  
Presidente: Obrigado a você, Luiz.  
 
Apresentador: Obrigado, ministro Fernando Haddad pela sua participação aqui no programa.
Ministro: Obrigado, Luiz. Obrigado, presidente

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