Crianças e adolescentes são os mais afetados pela pobreza na pandemia

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Estudo da Unicef aponta que programas de transferência de renda, com foco em famílias com crianças, ajudam a conter o avanço da linha da pobreza no Brasil.

Nesta segunda-feira (28), o Instituto de Economia da FGV divulgou os resultados de estudo “Pobreza infantil monetária no Brasil” do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), elaborado pelo pesquisador do FGV Ibre Daniel Duque (clique aqui para acessar na íntegra). A pesquisa analisa os impactos da pandemia na renda de famílias, apontando que os programas de transferência são mais benéficos para crianças e adolescentes. O relatório traz uma carta da representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer. Ela expõe que, apesar da importância do Auxílio Emergencial no período de crise, o programa não apresentou proposta para solucionar a pobreza monetária infantil em médio e longo prazos.

Pobreza monetária infantil

De acordo com o estudo, crianças e adolescentes são o grupo mais afetado pela pobreza. Elas representam um terço da população mundial, mas são metade dos que sobrevivem com menos de US$1,90 por dia (pobreza extrema). No Brasil, até 2020 eram cerca de 35 a 45% de crianças e adolescentes vivendo com menos de US$5,50 por dia (pobreza monetária), enquanto o percentual para adultos era de 20%.

Programas de transferência de renda

Diante da pandemia de Covid-19, a pobreza aumentou e o crescimento econômico desacelerou. Entre as medidas para reverter tais impactos, o Auxílio Emergencial (R$600,00) foi uma política de transferência de renda em grande volume e prazo determinado. Nos primeiros meses do programa, crianças e adolescentes diminuíram em 6% o nível da pobreza extrema, enquanto a população em geral registrou queda de cerca de 4%. Contudo, com a redução do valor do auxílio (R$300,00) em setembro de 2020, a linha da pobreza monetária retroagiu, alcançando níveis similares aos anteriores à pandemia.

A pesquisa aponta que, caso não houvesse o Auxílio Emergencial, o percentual da população abaixo da linha de pobreza seria 10% acima nesse período. Valor que corresponde a 4,4 milhões de crianças vivendo em pobreza monetária.

No primeiro trimestre de 2021, o programa foi suspenso e retornou no segundo trimestre com 1/5 do valor (R$120,00). Nesse período, o estudo revela que a diferença do nível de pobreza, caso o programa não existisse, seria de 2,5%. O valor representaria mais de 440 mil crianças na pobreza monetária e 1 milhão na pobreza extrema.

Além disso, a pesquisa identifica que a pobreza atingiu mais severamente as crianças negras (variação de 50 % a 55%) em relação às brancas (variação de 30% a 35%) no período. Observando as diferenças regionais, nas regiões Norte e Nordeste a pobreza infantil alcançou 60%, mas no Centro-Oeste, Sul e Sudeste a proporção foi de 27%.

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