Livros didáticos desviados para a reciclagem

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

No Ceará, o Ministério Público descobriu toneladas de livros didáticos vendidos para a reciclagem de papel. Livros que foram distribuídos de graça pelo governo federal. E muitos não passaram pelas mãos de aluno nenhum. O plenário e a sala de jurados viraram depósito de livros. As quase duas toneladas recuperadas pelo Ministério Público foram trazidas para o Fórum.  
 
A maioria, livros do ensino fundamental: português, matemática, ciências, história. Publicações distribuídas pelo Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação, para as escolas de Itaitinga, na região metropolitana de Fortaleza. O que mais chama atenção nos livros recolhidos pelo Ministério Público é o bom estado de conservação de grande parte deles. Os de ciências, chegaram ao município ano passado. Nunca foram usados. E já iam virar papel reciclado. Os livros estavam em uma casa. O dono, que trabalha com materiais recicláveis, não foi encontrado.  
 
A família afirmou que os livros foram comprados da própria Secretaria de Educação do município, a R$ 0,10 o quilo. Como pertencem a União, o processo vai para a Justiça Federal. “Não há explicação para que o município, através de pessoas que têm instrução, que são conhecedoras da legislação, coloquem livros novos para serem reciclados, é uma coisa que realmente nos deixam perplexos“, afirma a promotora Maria do Carmos Damasceno.  
 
A secretária de Educação de Itaitinga, Yaponira Chaves, confirma a venda, mas só das edições antigas. “Eu não posso afirmar se foi de propósito, se foi descaso, falta de controle, nós estamos agora averiguando o que foi que aconteceu realmente“, fala Yaponira. No Fórum, funcionários e voluntários ajudam organizar as publicações. A líder comunitária Aurelice da Silva conta que em algumas escolas da cidade não há material suficiente e vários alunos têm que dividir o mesmo livro. “Em uma turma de 30 alunos, recebem 20 livros, no máximo. Eu tenho dois filhos que estudam na escola pública e eu sinto na pele e eles também“, conta Aurelice. 

Menu de acessibilidade