Escritores e entidades do livro entregam manifesto aos candidatos

Escritores, dirigentes de entidades de classe e profissionais do livro e da leitura no Brasil começam a entregar, a partir desta terça-feira (05/09), em Brasília, um documento assinado por mais de 1.000 personalidades da área aos candidatos à Presidência da República nas eleições de 1º de outubro. O primeiro a receber o texto, chamado de Manifesto do Povo do Livro, será o senador Cristovam Buarque, candidato do PDT, às 11 horas, no Café Literário, na Feira do Livro de Brasília (Pátio Brasil Shopping). Nos próximos dias, o texto será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, a Geraldo Alckmin, do PSDB, e a Heloisa Helena, do PSol. 
 
O manifesto faz um apelo àquele que for governar o Brasil a partir de 2007 para que a questão do livro e da leitura no país passe a ter o tratamento de política de Estado e seja incluída entre as prioridades nacionais como forma de obter o desenvolvimento econômico e social. A prática da leitura e da escrita, diz o documento, deve ser vista como “estratégia de enfrentamento do drama da fome, da pobreza, da ignorância e da violência urbana para colocar o Brasil (…) no rumo do desenvolvimento, da justiça social e da solidariedade”. 
 
O documento faz referência aos avanços que houve na área nos últimos anos em diferentes governos, mas chama a atenção para a necessidade de o próximo presidente aprofundar as ações – dotando a área de estrutura de ges-tão e orçamentos compatíveis – e sobre a situação da leitura no país. Ele lembra, por exemplo, que só um em cada quatro brasileiros consegue ler textos mais complexos – como o livro e reportagens nos jornais e revistas – por causa do a-nalfabetismo e do analfabetismo funcional. 
 
Ainda de acordo com o texto, as crianças do país têm ocupado os últimos lugares nos estudos internacionais sobre compreensão leitora, colaborando para estancar o índice nacional de leitura em menos de 2 livros lidos por habitan-te/ano. As saídas para enfrentar essa realidade adversa foram debatidas por 40 mil lideranças durante as comemorações no Brasil do Ano Ibero-americano da Leitura, o Vivaleitura, celebrado em 2005 em 21 países. 
 
Entre as personalidades que assinam o manifesto estão escritores como Fernando Morais, Frei Betto, Luis Rufatto e os acadêmicos Moacyr Scliar, Nélida Piñon e Arnaldo Niskier; educadores como Tânia Rosing e Guiomar Namo de Mello; e personalidades como o jurista Goffredo da Silva Telles Jr. Entre as de-zenas de entidades que apóiam a iniciativa estão a Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER), a União dos Dirigentes Municipais de Ensino (Undime) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). 
 
A campanha para fazer o livro e a leitura terem maior espaço nas ações governamentais reúne todas as principais lideranças nacionais e regionais do li-vro no Brasil. União Brasileira de Escritores, Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional de Editores de Livros, Associação Brasileira de Editores de Livros (Abre-livros), Liga Brasileira de Editores (Libre), Associação Nacional de Livrarias, Con-selho Regional de Biblioteconomia, Associação Brasileira de Autores Livros Educa-tivos (Abrale) e Associação de Escritores e Ilustradores e Literatura Infantil e Ju-venil (AEI-LIJ) são algumas das entidades participantes. 
 
A campanha é coordenada pelo Escritório da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), organismo internacional que propôs aos presidentes dos países da região ibero-americana uma ação mais forte na área como forma de promover o desenvolvimento social e econômico na região. A campanha vai con-tinuar até a posse do novo presidente, inclusive com a publicação de anúncios em jornais e revistas e debates em diversas regiões do país. Para assinar o Manifes-to do Povo do Livro, basta acessar www.oei.org.br/manifesto
 
Lançamento de Caderno 
 
Além do Manifesto do Povo do Livro, os candidatos a presidente da Re-pública também vão receber o caderno Políticas Públicas do Livro e Leitura, que está sendo lançado pela OEI em parceria com a Cultura Acadêmica. Organizado por Galeno Amorim e com prefácio do diretor da OEI no Brasil, Daniel González, a publicação traz textos assinados por personalidades ligadas aos principais candidatos à Presidência. Chico Alencar (PSol), Cristovam Buarque (PDT), Glauber Piva/Hamilton Pereira (PT) e Maria Helena Guimarães Castro (PSDB) são os co-autores da obra. Na introdução, o secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho Marques Neto, faz uma análise sobre 2005 como marco para o início das mudanças que estão em andamento na área. 
 
 

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