Nos próximos anos, os jovens precisão saber usar de forma efetiva o estudo da ciência para expandir seus próprios horizontes num mundo cada vez mais complexo. Para mapear até que ponto o sistema educacional está cumprindo seu papel na formação desses estudantes no campo científico, o PISA (Programa Internacional para Avaliação dos Estudantes), está trabalhando, neste momento, numa ampla compilação de dados envolvendo 60 países, representando quase um terço da população mundial.
O PISA, sistema de avaliação criado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos (OCDE) em 2000, já analisou o conhecimento dos jovens (com 15 anos de idade, próximos da conclusão da escolarização obrigatória) em relação à literatura e, em 2003, examinou o ensino da matemática no mundo. “Queremos agora medir se os estudantes conseguem desenhar suas próprias conclusões baseadas nas evidências científicas“, diz Andreas Schleicher, coordenador geral do PISA.
Para Schleicher, o importante hoje é avaliar a competência da nova geração na hora de agir de assumir responsabilidades, agir de maneira autônoma e se posicionar em relação ao que aprendem. “Eles precisam saber se comunicar, interagir, resolver conflitos“, diz. “Nós do PISA acreditamos que a escola moderna não desenvolve apenas a capacidade de ler e escrever“. Ele lembra que em países bem avaliados no quesito educação como Coréia, Japão e Finlândia, existe uma demanda por ensino de qualidade da parte dos pais e da indústria, que oferece suporte ao sistema educacional. Nesses lugares, os mecanismos de apoio às escolas não são organizados por professores, mas por profissionais inspirados nas melhores práticas do mundo corporativo. “Eles aprenderam a dirigir as escolas como um negócio“, diz.
Na Finlândia, Schleicher conta que todas as escolas são empreendedoras e responsáveis pelo que ensinam. “O currículo é feito pelos professores seguindo
a demanda de seus clientes alunos“, diz. “Ninguém vai dizer quem deve ser contratado e se o dinheiro será aplicado em livros ou outra coisa“. Na escola moderna, segundo o coordenador do PISA, o desenvolvimento dos padrões de ensino fica nas mãos dos professores e não dos acadêmicos e políticos. As indústrias terão um papel importantes, em sua opinião, se focarem seu apoio às escolas que já existem. “Ajudar a criar novas unidades é uma resposta muito simples“, diz.
Schleicher acredita que a educação hoje é um fator determinante no crescimento da produtividade dos indivíduos e da economia. “Um ano de escolaridade representa em média um acréscimo de 3% no PIB“, diz. Uma das maneiras dos países da América Latina e Brasil (o país ficou em último lugar no PISA em 2000 em leitura e em penúltimo lugar em 2003 na prova de desempenho em matemática) melhorarem a qualidade do ensino é buscar esse tipo de ambiente de cooperação com o mundo dos negócios.