SP: Em pesquisa, alunos dizem que falta confiança e curiosidade em aprender

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O governo de São Paulo lança hoje, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, projetos para aumentar a confiança de alunos da rede estadual, entre outras medidas. Para planejar estas ações, foi usada uma pesquisa sobre habilidades socioemocionais (ou seja, para lidar com as emoções e os desafios do dia a dia) feita antes da pandemia do coronavírus.

O estudo apontou que estudantes do 5º e 9º ano do Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio não sentem confiança em outras pessoas. Participaram do levantamento mais de 110 mil alunos e 3,5 mil escolas da rede durante o Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), em novembro de 2019.

A pesquisa apontou que as habilidades socioemocionais podem colaborar, além do desempenho escolar, em aumentar o pertencimento escolar e reduzir a violência nas escolas. Caso um aluno, por exemplo, aumente sua percepção em uma competência como abertura ao novo de pouco desenvolvido para bem desenvolvido, ele pode ter um ganho de 5,5 meses de aprendizado em Língua Portuguesa, por exemplo.

Autoavaliação de frases

Segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, os alunos fizeram uma autoavaliação de frases como “acredito no melhor das pessoas” e “acredito que as pessoas nunca falam toda a verdade”, indicando um grau de 1 a 5. A partir daí foi possível perceber que estudantes das diferentes etapas se identificam com baixa confiança nas outras pessoas ao longo da trajetória escolar.

Rossieli admitiu que o recorte sobre a confiança preocupa, mas ponderou que “é natural, existe uma tendência global, que tenha queda [dos níveis] no 9º ano, mas tem uma recuperação no Ensino Médio”.

No 5º ano, 27,5% dos estudantes se autoavaliaram com baixa confiança, no 9º ano aumento para 38% e no Ensino Médio 39,9%.

Para a professora e presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), Maria Helena Guimarães, a percepção de baixa de confiança está relacionada a faixa etária do aluno.

“A criança do 5º ano tem confiança em si mesma, já o aluno mais velho passou por mudanças físicas, emocionais, que podem fazer com que ele perca isso à medida que cresce. Esse é um trabalho que deve ser feito inclusive no retorno das aulas presenciais e de formação dos professores para entender”, apontou.

Curiosidade em aprender também preocupa

Além da confiança, a pesquisa, feita em parceria com o Instituto Ayrton Senna, trouxe a percepção —e não o desempenho— dos alunos sobre eles mesmos em itens como empatia, responsabilidade e curiosidade em aprender.

Nesta última habilidade, o dado obtido também preocupa. No 5º ano, 12,6% dos estudantes se perceberam “como pouco desenvolvido” em relação à curiosidade em aprender. Foram 13,4% no 9º ano e 8,8% na 3ª séria do Ensino Médio.

“Como ensinamos Matemática, Ciência se o foco, persistência e a curiosidade do aluno é baixa?”, questionou Kátia Stocco Smole, conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e diretora do Instituto Reúna.

Para a gerente executiva do EduLab21 do Instituto Ayrton Senna, Gisele Alves, quando um aluno se identifica como “pouco desenvolvido”, ele está emitindo um sinal de alerta. “É uma autopercepção do estudante que reconhece que está com dificuldade de aplicar aquilo no seu dia a dia, é quase como um pedido de ajuda.”

Kátia ressalta que, enxergar a “integralidade do aluno”, ou seja, não só as habilidades cognitivas, conforme indica a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), é essencial, principalmente em um momento como o atual.

Temos meio ano pela frente de um ano muito atípico ainda. O desafio é voltar, organizar e apoiar as escolas para planejar olhar para o todo.

Kátia Stocco Smole, do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e do Instituto Reúna

Questionado sobre dados que mostrem a atual situação dos alunos, no momento de pandemia, o secretário afirmou que será feito um novo estudo. “Na vida escolar, as competências socioemocionais podem melhorar o desempenho escolar e a pandemia traz novos desafios.”

“Embora os dados sejam de 2019, na pré-pandemia, muito provável que esse mesmo tipo de percepção ocorra em 2020 com as escolas fechadas. É bastante possível que essa percepção dos alunos em relação a si mesmo, como veem a escola, os colegas, pode até de alguma maneira aparecer mais forte na volta às aulas”, disse a presidente do CNE.

Autoconfiança requer atenção nas vítimas de bullying, diz estudo

A pesquisa também trouxe dados sobre o bullying nas escolas. Estudantes que sofreram algum tipo de violência responderam seis perguntas sobre ocorrências dos 30 dias anteriores à pesquisa. Já os chamados ‘intimidadores’, cerca de 10%, responderam uma pergunta sobre cometer bullying.

O resultado foi:

Aparência do corpo foi apontado como o principal tipo de bullying sofrido pelos alunos, seguido de aparência do rosto e cor ou raça.

A autoconfiança e a responsabilidade são as competências que pedem mais atenção das vítimas.

Já no caso dos intimidadores, é preciso olhar para tolerância à frustração.

Todas as séries tiveram um índice de mais de 30% dos alunos se identificando com baixo desenvolvimento nesta habilidade.

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