Nova fase, novo boletim
Você está recebendo a primeira edição do Boletim do PNLL. Ele vem substituir o Boletim Fome de Livro Vivaleitura, que circulou semanalmente com informações e a cobertura dos acontecimentos relacionados ao Fome de Livro e, em seguida, como veículo oficial do Ano Ibero-americano da Leitura, o Vivaleitura, cujo calendário termina oficialmente nesta data, com a realização do Fórum PNLL Vivaleitura 2006/2008. A partir de agora, o Boletim do PNLL vai trazer notícias sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), o primeiro da história do Brasil.
Fórum PNLL reafirma transformação do livro e leitura em política de Estado
A tônica dos pronunciamentos na abertura, neste dia 12 de março, em São Paulo, do Fórum PNLL Vivaleitura 2006/2008 foi a reafirmação do compromisso de todos os presentes com a transformação do livro e da leitura em política de Estado de forma a fortalecer a democracia e construir uma sociedade mais justa. O secretário de Política Cultural do Ministério da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que representou o ministro Gilberto Gil, lembrou que há quatro pontos fundamentais no PNLL: o fortalecimento econômico do setor livreiro, o apoio decisivo ao campo da criação, a ampliação e inclusão de pessoas ao universo da leitura e a democratização do acesso. Já o secretário executivo adjunto do Ministério da Educação, Ronaldo Teixeira, que representou o ministro Fernando Haddad, salientou a importância dos ministérios da Cultura e da Educação estarem juntos na ação, pois a meta de dobrar o índice nacional de leitura só será atingida com a união de governo e sociedade.
Especialistas destacam importância de um plano nacional
A importância do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) foi salientada pelos especialistas estrangeiros presentes no Fórum PNLL Vivaleitura, como o colombiano Luis Fernando Sarmiento, secretário-técnico do Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc). A leitura, afirmou, é um direito fundamental do cidadão e os planos nacionais do livro e leitura são referências obrigatórias na luta para mudar o panorama da leitura e da compreensão de textos na América Latina. Quem também destacou o significado histórico do Vivaleitura foi o diretor da OEI (Organização dos Estados Ibero-americananos) no Brasil, Daniel Gonzáles, que lembrou ainda ser a leitura fundamental não apenas para abrirmos os nossos olhos para as realidades latino-americanas como também para outras mais distantes.
Marisa Lajolo sugere tópicos para uma política nacional do livro
A professora e pesquisadora da Unicamp, Marisa Lajolo, apresentou na palestra de abertura do Fórum PNLL Vivaleitura os tópicos fundamentais a serem contemplados por qualquer política nacional do livro. Em primeiro lugar, ela destacou a importância da valorização do professor, com base em uma política de remuneração condizente, pois “é na sala de aula que acontece o gosto ou a aversão à leitura”. É preciso conhecer a história do livro e da leitura no Brasil, que teve início com os jesuítas e que é marcada por uma imprensa muito recente, datada de 1808. Outra característica é a tradição elitista, de as camadas superiores da sociedade imporem às demais o que deve ser lido. O terceiro tópico abordado pela professora foram as campanhas de valorização social da leitura. “As pessoas de modo geral já interiorizaram que a leitura é importante. O que precisamos”, afirmou, “é ter ações dirigidas a públicos específicos”. Em seguida, Lajolo discorreu sobre a necessidade de confiabilidade dos dados das pesquisas existentes sobre o livro e a leitura no Brasil. Para finalizar, a professora sugeriu que sejam definidos critérios de avaliação dos projetos que estão contemplados no PNLL 2006-2008. A mesa foi coordenada por Valter Kuchenbecker, presidente da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU).
Balanço do Ano Ibero-americano do Livro e da Leitura
Durante o Fórum PNLL foi encerrado oficialmente o Ano Ibero-americano da Leitura e realizado um balanço das ações praticadas em 2005, em uma mesa coordenada por Elisabet de Carvalho, gerente do escritório para América Latina e Caribe da Federação Internacional de Associações de Bibliotecas (IFLA), e que teve a presença de Galeno Amorim, presidente do Conselho Diretivo do Vivaleitura, e Luis Fernando Sarmiento, do Cerlalc. Salientou-se a importância do Ano Ibero-americano na articulação e divulgação dos projetos que visam converter a leitura em um instrumento efetivo de inclusão social. Sarmiento lembrou o apoio técnico às políticas publicas, as jornadas de reflexão e formação, os estudos e pesquisas, que fizeram do Ano Ibero-americano do Livro e da Leitura um “passo importante para transformação do tema do livro em política pública”. Em relação ao balanço do Vivaleitura, Amorim citou os programas Imposto Zero (desoneração da cadeia produtiva do livro) e o BNDES Pró-livro, a formação da Câmara Setorial do Livro e Leitura, a formatação das linhas de ação para o PNLL e o próprio Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) 2006/2008.
No balanço do Ano da Leitura, 100 mil ações em 2005
O grande destaque do balanço das ações desenvolvidas em 2005 ficou por conta da resposta da sociedade brasileira com 100 mil atividades, realizadas na maior parte dos municípios do país. Entre as principais ações, Galeno Amorim chamou a atenção para a criação de mil novos pontos de leitura, a distribuição de 160 milhões de livros, a realização de mais de 300 eventos e mais de 100 feiras de livros, além de diversos prêmios, entre eles o Prêmio Vivaleitura. Ele finalizou questionando como manter a mobilização e não desperdiçar todo este esforço realizado em 2005. A resposta, segundo ele, está no próprio PNLL, no Prêmio Vivaleitura e no calendário anual de programas e projetos.
A questão da mediação no processo de formação de leitores
Durante o Fórum PNLL Vivaleitura, o painel A biblioteca e a formação de leitores reuniu especialistas para debater a possibilidade de o bibliotecário contribuir na formação de leitores. Anna Maria Marques Cintra, professora da USP, abordou a função do mediador: “não vejo apenas como sua tarefa a organização e disponibilização do acervo e de informações, mas sim como interventor no ato de ler”. Para Marques Cintra, entretanto, não bastam técnicas de como ensinar a ler, “é preciso que o próprio bibliotecário seja um leitor para poder ensinar a ler”. A pró-reitora Acadêmica da Universidade do Sagrado Coração, de Bauru (SP), Regina Célia Baptista Belluzzo, reiterou a importância da cooperação na formação de leitores e destacou as possibilidades abertas pelas novas tecnologias para o aprendizado. Para ela, o leitor não é mais passivo, mas um ser ativo na manipulação da realidade em tempo real, ou seja, “busca as informações de acordo com suas necessidades”. O papel do bibliotecário neste novo cenário foi também lembrado pelo diretor do IBICT, Emir Suaiden, ao traçar o balanço de uma década de internet nas bibliotecas, enfatizando que não basta construir bibliotecas e acervos: o desafio do profissional da atualidade é “construir” leitores. O problema, para ele, não está no acesso, mas na compreensão de que a biblioteca e a informação vão melhorar a qualidade de vida, concluiu.
Bibliotecários são convocados a ampliar a leitura
No Dia do Bibliotecário, 12 de março, Elsa Margarita Ramírez Leyva, professora da Universidade Nacional Autônoma do México e membro do Comitê Permanente da IFLA para a América Latina e o Caribe, fez uma convocação aos bibliotecários: “temos a missão de ampliar a leitura”. Uma missão estritamente ligada aos planos nacionais de leitura, que já estão em implantação em oito países da região: Argentina, Brasil, Cuba, Colômbia, El Salvador, México e Venezuela. Todos os demais têm alguma agenda política para a leitura. Esta visão é compartilhada por Raimundo Martins de Lima, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia: para ele, o bibliotecário é o “profissional preparado para gerir bibliotecas de modo a cumprir de forma ética a função de viabilizar o acesso a informações de qualidade também às populações carentes”. Participaram também da homenagem ao Dia do Bibliotecário, Galeno Amorim, coordenador geral do PNLL, Maria Cândida Figueiredo, presidente do CRB-8, Márcia Rosetto, presidente da Febab, e Elmer Barbosa, da Fundação Biblioteca Nacional.
Site da semana
A partir do dia 13 de março, entra no ar o Portal do PNLL, que traz todas as informações sobre o primeiro Plano Nacional do Livro e Leitura do País. O portal contém o mapa completo das 285 ações que estão inicialmente contempladas no PNLL a ser lançado durante o Fórum e que será permanentemente atualizado com as que vierem a ser cadastradas. Além disso, o Portal do PNLL tem notícias, discussões, datas das efemérides do mundo do livro e da leitura, calendário com a programação de eventos da área para 2006, além de links úteis, como para o Prêmio Vivaleitura, perguntas freqüentes e outros serviços. Visite: www.pnll.gov.br.
AGENDA
19 ª Bienal Internacional do Livro –São Paulo (SP)
De 09 a 19 de março