Há alguns meses grande parte da população mundial não se imaginaria estudando ou dando aulas majoritariamente em frente às telas. O contexto de pandemia obrigou uma parcela significativa de pessoas a permanecer num modo 100% online, algumas tendo a possibilidade de ensino híbrido. Esse fator pode reverberar no futuro e em como encarar a educação nos próximos anos.
Um outro aspecto evidenciado pela pandemia diz respeito às desigualdades sociais e que podem ter impactos negativos em estudantes de classes mais pobres ao longo do tempo. 46% dos municípios brasileiros não possuem infraestrutura necessária para oferecer ensino à distância, é o que aponta Marcelo Cabrol, gerente do setor social do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) na série Reimaginando a Educação, promovida pela Microsoft.
“Isso não é uma exceção, é uma regra na América Latina”, destaca. Além dos impactos causados pela falta de tecnologia e conectividade, Cabrol afirma que haverá efeitos também na saúde física e emocional dos estudantes, sobretudo quando há no horizonte a possibilidade de uma crise econômica e de confinamento.
De acordo com as projeções do BID, os alunos ricos sairão da pandemia com 2,5 anos de diferença – em termos de aprendizagem – em relação aos alunos mais pobres. E quais seriam os cenários possíveis num contexto pós pandemia? Regressar ao modelo inteiramente presencial tido antes ou investir em uma educação que traz consigo os aprendizados obtidos durante a pandemia?
“Precisamos ser mais atenciosos sobre como usamos nosso tempo juntos”, afirma Anthony Salcito, vice-presidente de Educação na Microsoft. “Reconhecendo que tudo isso nos leva a uma oportunidade e, francamente, a realidade que devemos reimaginar o potencial e a oportunidade que a educação enfrenta.”
Os desafios aos quais ele se refere são justamente a proposta de repensar a educação nos próximos anos. Ele destaca os desafios econômicos, tecnológicos e psicológicos deste tempo e sugere que gestores e educadores reflitam sobre uma mudança de paradigma de longo prazo.
Uma saída possível está na educação híbrida. Porém, apenas nove países da América Latina conseguiram implementar metodologias e conteúdos específicos que dessem conta desta tarefa durante a pandemia. Salcito destaca que é importante a convivência e o modelo presencial, mas aponta também que é possível retirar o máximo aproveitamento com estratégias que possam mesclar o digital e a aprendizagem remota.
Os desafios de educação observados passam especificamente pela questão econômica e que gera desigualdade de oportunidades. O destino final a ser perseguido, destaca o gerente do BID, não é o uso da tecnologia em si, mas sim a equidade de acesso. Reimaginando futuros na área, será possível que gestores e educadores possam traçar metas factíveis no ensino e na educação desejada.