Radiografia da educação

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O Brasil gasta muito com educação ? Os números parecem indicar que sim. Os governos gostam de dizer que aplicam muito. Mas os números devem ser lidos com atenção. Por trás deles está uma realidade perversa, investimentos errados e precariedade. O Brasil investe em educação um percentual do Produto Interno Bruto (PIB), semelhante ao de alguns vizinhos. Mas, na rede pública, mais de 90% dos alunos não conseguem entender o que lêem. O dinheiro é mal gasto e os números enganam. O Brasil realmente investe em educação um percentual semelhante ao de países como a Alemanha. Mas a quantidade de jovens brasileiros em idade escolar é muito maior. Além disso, grande parte dos recursos vai para o ensino superior, acessível apenas para uma minoria. Para os especialistas o mais importante é garantir a qualidade desde o Ensino Fundamental.  
 
O mundo se abre diante de olhos atentos. A história contada pela professora faz a criançada viajar. Aprendizado com prazer. A escola mantida por uma universidade é modelo – distante da maioria das crianças do Brasil. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil gasta 4% com a educação – mais que a Argentina (3,9%), tanto quanto o Chile (4%), pouco menos que a Coréia do Sul (4,1%) e a Alemanha (4,4%). Até parece que nosso investimento é de Primeiro Mundo. Parece, mas não é. Cada um dos paises tem um número de estudantes matriculados. E quando se divide o dinheiro investido por aluno, o Brasil despenca no ranking da educação. No Ensino Médio, por exemplo, o Brasil gasta US$ 1.008 por aluno por ano – muito menos do que a Argentina (US$ 2.883), o Chile (US$ 2.387), a Coréia do Sul (US$ 6.747) e a Alemanha (US$ 9.835). 
 
Nos últimos anos, o Brasil deu passos importantes. Quase cem por cento das crianças estão matriculadas no Ensino Fundamental. Mas a falta de dinheiro ameaça essa conquista. A qualidade se perde em salas superlotadas. “Eu colocaria 25 alunos nas séries iniciais. Nós temos hoje 35 e, se precisar temos 37. Nós não podemos fazer de conta que as nossas professoras estão fazendo o atendimento e acompanhando o processo inicial de alfabetização do Ensino Fundamental quando elas não têm condição, pelo número de alunos existente nas salas de aula, de acompanhar um a um“, observa a professora da Universidade de São Paulo (USP), Lisete Regina Arelaro. As crianças aprendem cedo que é preciso cuidado para a semente germinar. E este é um cuidado que está faltando na educação brasileira. Exame feito por alunos da terceira série do Ensino Médio revelou um quadro espantoso: 94% não foram considerados competentes em leitura e matemática.  
 
“Isso mostra que somente 6% deles tiveram um desempenho considerado adequado. Isso é um número extremamente baixo e que é, na verdade, eu acho hoje a principal limitação a termos mais jovens indo ao Ensino Superior“, diz o diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique Brito e Cruz. Para aumentar a competitividade da economia, educadores acreditam que é preciso dobrar o número de anos que o brasileiro passa na escola. “O Brasil tem um longo caminho a percorrer até ele conseguir o mínimo que se requer na sociedade moderna, que é educação média de boa qualidade para toda a população. Esse mínimo são 11 anos, 12 anos de educação média. É o mínimo que hoje se espera na sociedade moderna“, afirma o sociólogo Simon Schwartzman. 
 
Uma lista de sugestões de pesquisadores para que o modelo de uma escola paulista se espalhe pelo Brasil: melhor formação dos professores; melhores salários; instalação de laboratórios de ciências; avaliações freqüentes da aprendizagem; e maior autonomia para as escolas. Sem gastar mais com educação, o Brasil nunca terá tantas boas escolas quanto times de futebol. “Todo lugar tem um campinho de futebol. Pobre pode jogar futebol, rico pode jogar futebol. Então, o Brasil seleciona jogadores de futebol entre todos os brasileiros. Agora o Brasil precisava selecionar engenheiros entre todos os brasileiros também. Tem muitos brasileiros muito inteligentes que não chegam ao ponto de poderem ser selecionados. Nós estamos perdendo capacidade nacional por causa da falta de educação“, completa o ministro da Educação, Fernando Haddad.  
 
O ministro da Educação, Fernando Haddad, concorda que o Brasil precisa investir mais no setor. “Nós defendemos que os recursos para educação devam ser ampliados em um patamar que deve chegar à casa dos 6% do Produto Interno Bruto. É preciso, portanto, aprovar os projetos que foram encaminhados para o Congresso nacional, sobretudo o Fundo da Educação Básica, que amplia os recursos para a educação básica, mas também é preciso pensar em um projeto de médio e longo prazos com essa disposição: tornar a educação prioridade nacional de muitos governos“, afirma o ministro da Educação, Fernando Haddad. O presidente Lula disse, em uma solenidade em São Paulo, que o atraso na votação da proposta orçamentária prejudicou a liberação de recursos para a educação. Segundo Lula, se o orçamento tivesse sido votado no ano passado, o governo já teria colocado mais R$ 4,3 bilhões na educação básica. 

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