Aristóteles guia os passos do Positivo

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O empresário Oriovisto Guimarães, diretor-presidente do Grupo Positivo, de Curitiba, tem em casa uma biblioteca com 5 mil livros, na maioria textos de filosofia, que coleciona desde os tempos em que dava aulas em cursinhos pré-vestibular da capital paranaense, nos anos 60. Em qualquer conversa, Guimarães encontra um jeito de citar seu filósofo favorito, Aristóteles: “A virtude está no meio-termo”, diz ele.  
 
Criado em uma sala alugada no centro de Curitiba, em 1972, o Positivo é hoje um dos maiores grupos educacionais privados do País, dono da maior gráfica de impressos comerciais e líder do mercado nacional de computadores, com um faturamento que deve alcançar R$ 850 milhões no fim do ano – 25% superior ao de 2004. Tudo sem perder o equilíbrio que Oriovisto preza. “Chegamos até aqui a partir da educação e por ela continuaremos”, diz ele.  
 
A história do Positivo é semelhante ao de outros grandes grupos de educação privada do País, como o Objetivo, de São Paulo, e o Pitágoras, de Belo Horizonte. Professores universitários se reúnem para criar um curso pré-vestibular. A seguir, abrem um colégio e passam a imprimir seu próprio material didático, também vendido para outras escolas. Foi o que fez o Positivo crescer.  
 
O grupo vende seu sistema de ensino – material didático, assessoria pedagógica e de marketing – para 2,6 mil escolas no Brasil e no exterior. Cerca de 535 mil alunos usam o material produzido pelo grupo, que ainda tem cinco escolas próprias e um centro universitário, o UnicenP, em Curitiba. O que chama a atenção, no entanto, não são os números superlativos. É a maneira quase natural como o grupo criou novas formas de ganhar dinheiro.  
 
Dos sistemas de ensino, por exemplo, chegou à gráfica e à editora. A idéia, a princípio, era apenas imprimir o material usado pelo grupo e, mais tarde, pelas escolas integradas. O tempo ocioso das impressoras começou a ser vendido e se revelou um negócio rentável. Dos 18 milhões de livros que a Posigraf, a gráfica do grupo, vai imprimir neste ano, apenas 3 milhões vão para a rede Positivo.  
 
A maioria será vendida para o Programa Nacional do Livro Didático, do governo federal. “A idéia é ir atrás de todas as oportunidades”, diz Giem Guimarães, diretor da Posigraf e da Editora Positivo, único dos três filhos de Oriovisto que trabalha na empresa.  
 
Giem aumentou seu prestígio com o pai no final de 2003, quando negociou a compra dos direitos do dicionário Aurélio, um campeão de vendas que havia 28 anos estava nas mãos da editora Nova Fronteira. As vendas do dicionário, que já somam 300 mil exemplares, são uma espécie de cereja na torta do faturamento do Positivo na área gráfico-editorial. Somadas, Posigraf e editora Positivo prevêem faturar R$ 340 milhões neste ano, cerca de 41% do total do grupo.  
 
Outra gorda fatia nas vendas em 2005 (44%) virá da Positivo Informática, criada em 1985. A empresa começou a fabricar computadores para equipar as salas de sua faculdade de engenharia da computação.  
 
Logo percebeu uma oportunidade na reserva de mercado, que à época impedia a importação de computadores, e passou a participar de licitações públicas. A partir daí, chegar ao software foi natural. O grupo começou a desenvolver programas há 14 anos e, em 2000, assinou com a Disney contrato para distribuir seus softwares no País.  
 
O passo mais ambicioso, porém, veio em 2004. Para compensar as vendas em queda nas licitações emperradas no primeiro ano do governo Lula, o Positivo levou seus computadores às prateleiras de redes como Casas Bahia e Carrefour. Nos primeiros nove meses deste ano, vendeu 188 mil máquinas no varejo, ou 22% do mercado brasileiro. Uma nova fábrica, que vai dobrar a capacidade de produção, será inaugurada em dezembro.  
 
Dos oito sócios iniciais do grupo, permanecem cinco, cada um dono de 20%. Oriovisto vem sendo indicado, ano a ano, para a presidência. “Vem funcionando dessa forma, não há porque mudar”, diz ele. Formado em Engenharia Civil e Economia, Oriovisto, de 60 anos, deu aulas de matemática por 18 anos, até 1985. Nos últimos tempos, vem tentando dar ao Positivo uma nova roupagem. Comprou para o UnicenP a biblioteca do economista Roberto Campos, morto em 2001.  
 
E vem investindo no mercado internacional, ao vender o sistema de ensino do grupo para escolas freqüentadas por filhos de brasileiros nos Estados Unidos e no Japão. Algum perigo de crescer demais e perder o controle? “Nenhum”, responde Oriovisto. “Seguimos o que ensina Aristóteles: prudência.”  

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