Aumenta a competição no mercado editorial

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A compra de 75% da Editora Objetiva pelo grupo espanhol Prisa-Santillana deve provocar mudanças no mercado editorial brasileiro. A exemplo do que já acontece com outras editoras espanholas no Brasil, a nova Objetiva deve usar o cacife financeiro de sua acionista majoritária para atrair grandes autores contratados de outras editoras. Também deve reforçar drasticamente seu catálogo de obras internacionais, tanto de cunho comercial como de alto nível literário.

“O mercado brasileiro vai se transformar em briga de cachorro grande“, diz César Gonzalez de Kehrig, diretor da Editora Planeta do Brasil, braço do Grupo Planeta, o grande concorrente da Prisa-Santillana na Espanha e na América Latina. Desde que chegou ao País, em 2003, a atuação da Planeta tem sido marcada pela contratação de grandes nomes de outras editoras, como Fernando Morais, Zuenir Ventura e Paulo Lins. A editora planeja em três anos estar entre as maiores do País.

A Prisa-Santillana optou pela compra de uma editora já conceituada principalmente para ganhar tempo. O grupo vê no País um enorme potencial. “O baixo índice de leitura em comparação com outros países é também um indicador do enorme espaço para crescer no médio e longo prazo“, diz Andrés Cardós, diretor geral da Santillana no Brasil. O Prisa-Santillana é um dos maiores grupos do setor editorial e de comunicação da Europa e América Latina. Edita o jornal El País e tem participação no francês Le Monde. A compra das ações da Objetiva vai permitir a publicação de importantes autores no Brasil. A prioridade será lançar o selo Alfaguara, conceituado na Espanha por seu catálogo de grande qualidade literária.

O primeiro selo será lançado em agosto, o Suma. Abrigará a chamada ficção comercial – “thrillers“, romances históricos e outros títulos com grande potencial de vendagem. O primeiro título será O Historiador, da americana Elizabeth Kostova, considerado pela crítica um O Código da Vinci turbinado.

A aliança entre os grupos poderá facilitar também a publicação de autores da Santillana por aqui. Nomes como Carlos Fuentes, José Saramago, Mario Vargas Llosa e Elias Canetti, publicados no Brasil por outras editoras, são alguns dos principais escritores do grupo espanhol.

Outro destaque são as obras completas do filósofo e ensaísta espanhol José Ortega y Gasset, publicadas em dez tomos. Para viabilizar a edição desses novos títulos, outros selos deverão ser criados, dentro de novos nichos.

A expectativa é que a participação na Objetiva repita o que aconteceu no mercado de livros didáticos quando a Prisa-Santillana entrou no segmento. Desde que foi comprada pelos espanhóis em 2001, a Editora Moderna triplicou sua participação nas compras de livros didáticos pelo governo federal, abocanhando quase 10% do fornecimento para o ano letivo de 2004.

Espanholas têm metas ambiciosas para liderar mercado editorial do país
O Globo – Rachel Bertol

O processo de “espanholização“ do mercado editorial brasileiro começou em 2001, quando a Santillana adquiriu a Moderna e a Salamandra. Desde então, vieram a Planeta, que em 2003 inaugurou em São Paulo sua própria editora, em vez de comprar uma, e, no ano passado, mais duas: a Oceano, especializada em obras de referência, como enciclopédias e dicionários, e a Edições SM, também voltada para o segmento infanto-juvenil e de didáticos. 
 
O economista Fábio Sá Earp observa que a venda das editoras brasileiras reflete a fragilidade do setor editorial: “Editoras estrangeiras entram no Brasil e o contrário não acontece. Não há o saudável movimento de ida e volta.“  
 
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Santillana compra Objetiva; Feith continua na direção  
PublishNews – Carlo Carrenho 
 
A editora Objetiva anunciou no dia 10 de junho, a venda de 75% de suas ações para o grupo espanhol Prisa-Santillana, um dos maiores do setor editorial e de comunicação da Europa e América Latina.  
 
O valor do negócio foi de R$ 20,387 milhões. Fundada em 1991, a Objetiva continuará a atuar no mercado brasileiro com sua marca, trabalhando com obras de ficção e não ficção, com ênfase na literatura brasileira. Em 2004, a editora carioca vendeu 1,2 milhão de livros e faturou cerca de R$ 15 milhões.  
 
Os novos controladores da empresa pretendem criar novos selos gradualmente, seguindo a identificação de nichos suplementares à atuação da Objetiva. O editor Roberto Feith continuará à frente da editora, como sócio e diretor-geral. Isa Pessoa também permanece como diretora-editorial da Objetiva.  
 
Ao se integrar ao grupo Santillana, a editora fará parte de um conglomerado que atua em 21 países e que está presente no Brasil desde 2001, quando a Santillana adquiriu a Editora Moderna. Proprietários do grupo El País, em Madri, desde os anos 1960, o Prisa-Santillana também é acionário do jornal Le Monde, e controla diretamente uma rede de canais de TV e rádio.  
 
No setor editorial, o Prisa-Santillana se destaca com selos como Aguilar, Alfaguara e Taurus. No Brasil, a prioridade agora é lançar o selo Alfaguara, conceituado na Espanha por seu catálogo de grande qualidade literária, do qual fazem partes escritores como como Elias Canetti, Carlos Fuentes, José Saramago. 
 
 
 
Aliança internacional não muda perfil da casa, diz editor  
O Globo – Mànya Millen  
 
Roberto Feith afirma que o perfil da Objetiva não muda, ou seja, ela continuará a ser uma editora voltada para “ficção e não-ficção estrangeira de qualidade, com ênfase na literatura brasileira“. E, principalmente, enfatiza que terá total autonomia.  
 
“É uma aliança que preserva nossa identidade editorial, nossa maneira de pensar. Nós fomos, somos e continuaremos sendo uma editora gerida por brasileiros“, diz o editor, que manterá toda sua equipe.  
 
Feith afirma que não foi pressionado a vender parte da editora por causa de supostas dívidas. “A Objetiva não deve dinheiro a ninguém.“ O ponto principal, diz o editor, era fazer a editora crescer não na escala, mas na diversificação de seu catálogo, como, por exemplo, com a criação de selos para nichos ainda não explorados. Dois deles serão lançados ainda este ano. O primeiro deles, Suma, vai abrigar a chamada ficção comercial – thrillers, romances históricos e outros títulos com grande potencial de vendagem – e estréia em agosto.  
 
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