32ª Convenção Nacional de Livrarias: abertura aborda discussão sobre o real preço e valor do livro

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A Convenção Nacional de Livrarias iniciou sua 32ª edição nesta quarta-feira (4), no Distrito Anhembi, em São Paulo, reunindo cerca de 250 profissionais do livro e com o objetivo de discutir em diversos aspectos O valor do livro.

“O livro precisa ter seu valor reconhecido, no sentido figurativo, como objeto essencial para cultura de qualquer sociedade. Mas é fundamental que ele tenha também seu valor justo, no seu sentido mais literal: monetário. Afinal, é a renda obtida através da sua comercialização que viabiliza e remunera toda uma cadeia de produção”, disse o editor e livreiro Alexandre Martins Fontes, presidente da ANL, em seu discurso de abertura.

O primeiro painel da Convenção discutiu exatamente o valor do livro e a sustentabilidade do mercado, reunindo André Conti, da editora Todavia; Leonardo Ferreira, da Lis Gráfica; e Marcus Teles, da Livraria Leitura. A discussão se focou na ideia de que é preciso conscientizar a população de que o livro não é um objeto caro.

“A população tem essa cultura de achar que o livro é caro. Acho que essa visão tem que ser mudada e que isso só pode acontecer com o trabalho de toda a cadeia unida”, disse Leonardo.

“Essa história de falar que o livro é caro é, no mínimo, falta de pesquisa”, disse Teles. Já conhecido pelo seu apreço aos números, o dono da Livraria Leitura apresentou um estudo no qual comparou o preço de 20 livros em diversos países.

Em dólares, a obra É assim que acaba, por exemplo, escrita por Colleen Hoover, publicada aqui pela Galera e um dos livros mais vendidos no país, sai na média de US$ 7,68 no Brasil; US$ 34,50 na Argentina; US$ 20,51 no Chile; US$ 20,68 na Colômbia; US$ 10,98 nos EUA; e US$ 15,10 no México. “A renda do Brasil é mais baixa em relação aos países desenvolvidos. Por isso o preço de todos os produtos no país em comparação à renda fica caro, inclusive o do livro. Mas ao comparar os países da América Latina, com nível de renda similar ao Brasil, o preço do livro por aqui é o mais barato”, resumiu Teles.

Para falar sobre o preço do livro, é preciso entender que as editoras tentam constantemente recuperar os preços e o valor historicamente encolhidos. “Desde 2014, o preço do livro vem sendo corroído e o preço de capa não está remunerando a cadeia como deveria”, disse Leonardo. “Se vocês prestarem atenção, a metade dos meus concorrentes fechou, e nem por isso melhorou para mim. Não teve aumento na demanda, não teve mais trabalho. Por isso precisamos melhorar o preço de capa dos livros”, pediu Ferreira. A fala do gráfico pode ser comparado aos resultados apresentados no artigo “Os Fatores de Transformação do Mercado Editorial Brasileiro”, elaborado por Nielsen BookData, Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro (CBL) apresentado no último mês.

Toda essa discussão do mercado retorna para o pedido feito – por vários anos – em outros eventos do setor: a união entre os elos da cadeia.

“A solução se encontra na capacidade de se estabelecer um diálogo”, disse André Conti ao explicar que, atualmente, livrarias e editoras têm prioridades diferentes.

Enquanto as livrarias clamam pelo andamento da Lei Cortez, as editoras estão mais preocupadas em resolver problemas que envolvem o PNLD, verbas que prefeituras não liberam e os demais programas de compras governamentais e políticas públicas que estão paradas. “O mercado não está unido, temos duas vertentes diferentes e precisamos que o governo volte a comprar livros, é isso que muitas vezes dá musculatura para as editoras”, explicou.

A conclusão do primeiro painel da Convenção, além dos dados que apontam que o livro não é caro no Brasil, é que editoras e livrarias precisam se unir para mudar a percepção do leitor sobre o assunto. “Precisamos também de tempo para mostrar aos leitores o espaço das livrarias. A livraria é um lugar de encontro, aconchegante, um ponto de encontro. Sinto que as editoras fazem um trabalho interessante ao envolver as livrarias na divulgação dos livros, mas o diálogo tem que se condizida de forma coletiva”, concluiu Conti.

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