29 de outubro, Dia do livro: O que comemorar?

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Em artigo, Dante Cid fala sobre a data comemorativa e sobre a importância de garantir o direito ao acesso ao livro e a leitura a todos os estudantes do ensino básico. A data foi criada em 1810, em comemoração à fundação da primeira biblioteca brasileira, a Real Biblioteca (hoje, Biblioteca Nacional), no Rio de Janeiro. Nesse dia, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil.

Simbólica essa data. Comemorar o livro no dia da fundação de uma biblioteca nos remete à reflexão sobre o acesso ao livro, mas também nos leva a pensar na importância do livro para a humanidade.

O acesso aos livros acontece por dois caminhos: pela compra ou pelo empréstimo entre amigos ou em bibliotecas.

A compra é a forma de acesso mais citada pelos leitores de livros (41 %) na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2020) realizada pelo IPL em parceria com o Itaú Cultural. Mas, 53 % dos brasileiros nunca compraram um livro ou compraram há mais de dois anos e o baixo poder aquisitivo é a dificuldade mais identificada, apesar de 27 milhões de brasileiros das classes C, D e E serem leitores e terem comprado algum livro em um período de um ano.

Já a biblioteca pública é frequentada por somente 17% dos brasileiros (frequentemente ou às vezes). Aqueles que não frequentam, destacam a não atualização dos acervos como um dos principais motivos. Por outro lado, as bibliotecas escolares são a única forma de acesso a livros de literatura indicados pelos professores, para 78% dos alunos do ensino básico. Mas, o déficit dessas bibliotecas nas escolas é preocupante: cerca de 60% das escolas públicas, segundo Censo do MEC, não têm biblioteca ou sala de leitura.

Esse equipamento é fundamental para a aprendizagem (segundo resultados do IDEB), como mostrou outra pesquisa realizada pelo Instituto Pró Livro e aplicada pelo INSPER, quando oferece atividades orientadas pelo currículo escolar e integrando ações de professores e responsáveis pelas bibliotecas, com acervos atualizados e organizados. Mas, a universalização das bibliotecas escolares, prevista para 2020 (Lei nº 12.244, de 2010), ainda não se efetivou. Tomara que aconteça até 2024, agora, para atender à meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação 2014-2024 (PNE).

Sem dúvida, garantir o acesso ao livro por meio de bibliotecas escolares e/ou por meio dos programas de distribuição de livros de literatura para alunos e professores, como o PNBE, é um desafio urgente e que deve ser garantido por políticas públicas e ser abraçado, para promover sua implementação, pelos nossos governantes.

Sobre a importância do livro. Essa “caixa”, que guardou todo o conhecimento produzido pela humanidade, e que, desde a sua primeira impressão em série, há mais de 500 anos, transformou-se em poderosa “arma” de transformação social, somente ganha esse poder quando um leitor abre e lê, em suas páginas, o que outro personagem fundamental, o autor, escreveu. Esse “encontro” alimenta todo o ecossistema de produção do livro e propicia ao leitor, de forma autônoma, acessar e construir conhecimento e vivenciar a ficção, despertando empatia e humanizando.

Mas, esse “encontro” somente acontece se o livro é lido. Parece simples, mas sabemos que quase a metade da população brasileira (48%), segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2020) não é leitora. Sabemos, também, que somente 18% dos brasileiros leem livros de literatura.

Nesta data, devemos, sim, celebrar o livro, pois graças a ele conseguimos resgatar toda a história e o conhecimento produzido pela humanidade, mas quero, também, trazer inquietações. SE o livro e a leitura são tão fundamentais para o desenvolvimento humano e social de uma sociedade, e, se o Brasil, infelizmente, ocupa hoje, patamares sofríveis em avaliações internacionais de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ou em avaliação de nossa educação (segundo o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, da OCDE, o
Brasil ocupa o 58º lugar em proficiência em leitura entre 79 países) – devemos, neste dia, clamar por Políticas Públicas que garantam o direito à leitura e ao livro a todos os cidadãos brasileiros.

É urgente a necessidade de superação do enorme déficit que a Pesquisa Retratos da Leitura revela quanto ao percentual de leitores brasileiros.

É urgente garantir o direito ao acesso ao livro e a leitura a todos os estudantes do ensino básico, seja por meio de programas de distribuição de livros; seja por meio da universalização das bibliotecas em todas as escolas.

Não se constrói uma democracia sólida e uma economia sustentável sem investir em educação e na formação de leitores críticos e autônomos. A construção de um país com melhores índices de desenvolvimento social e humano depende da qualidade da educação e da leitura.

Viva o livro!!! Viva a esse objeto” físico ou digital – que nos traz histórias, fantasias, inquietações, cultura, conhecimento e a possibilidade de transformação de vidas e de sociedades.

Publicado por PUBLISHNEWS, DANTE CID em 28/10/2022.

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