Para Jorge Yunes, lugar de divulgador é na escola

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Resultado do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) 2007 desagradou a muitos editores. Para Jorge Yunes*, vice-presidente da ABRELIVROS, editoras, professores e o próprio ensino saíram perdendo. 
 
1 – O resultado do PNLD 2007 mostrou a polarização das vendas. Segundo material divulgado pelo FNDE, a maior parte das vendas foi realizada por dois grandes grupos editoriais, o restante se dividiu entre quatro grupos e editoras de portes menores. A que o senhor atribui esse resultado?  
 
Jorge Yunes – Eu acredito que o resultado do PNLD 2007 está completamente ligado ao novo método de divulgação. Sem a presença do divulgador na escola o professor ficou sem acesso a maioria dos produtos. A liberdade de divulgação nas instituições de ensino é, antes de tudo, uma necessidade do professor que precisa conhecer tudo o que as editoras colocam no mercado. Essa falta de acesso fez com que muitas empresas ficassem de fora. 
 
2 – Por que essa proibição foi tão decisiva? 
 
JY – Porque a maioria das editoras, inclusive empresas tradicionais, não conseguiram mostrar seu trabalho. Além disso, o investimento foi maior e, com esse resultado, algumas correm o risco de não terem condições de arcar com os custos da divulgação. Só no que diz respeito ao material o custo triplicou, mandamos três vezes mais livros, além das despesas com envio. Empresas de menor porte podem até quebrar, o contrário do que queria o MEC. O objetivo era fazer uma distribuição mais equilibrada e permitir que editoras mais modestas conseguissem chegar às escolas, mas ocorreu justamente o contrário.  
 
3 – Se a maioria das editoras não conseguiu expor seus produtos para as escolas, o senhor acredita que o professor pode ter sido prejudicado? 
 
JY – A experiência mostrou que essa é uma divulgação muito fria e que dificulta a análise. O professor fica impossibilitado de tirar dúvidas e recebe uma montanha de material para analisar muito rapidamente. Além disso, ele corre o risco de não receber todos os produtos, ficar sem elementos de comparação e aí a avaliação pode ficar comprometida.  
 
4 – O fato de a proibição ter sido anunciada recentemente e das editoras não terem tido tempo para criar novas estratégias de divulgação ou até mesmo um período de adaptação ao novo sistema, não pode ter sido a razão do fracasso desse método, ou essa estratégia mostrou-se realmente ineficiente? 
 
JY – Para mim, essa é uma fórmula que não funciona de fato, porque acabou centralizando a divulgação nas mãos de poucos. Acredito que mesmo as editoras que tiveram um bom resultado no PNLD 2007 não aprovaram essa divulgação. Além do custo, cerca de mil homens ficaram parados nas empresas sem poder divulgar. 
 
5 – O que a ABRELIVROS pretende fazer para o PNLD 2008? 
JY – A ABRELIVROS vai propor a retomada da antiga fórmula, que por mais de 20 anos funcionou muito bem. Estamos esperando o fim desse período de eleições para retomarmos o contato com o FNDE e mostrarmos os problemas que foram ocasionados com esta mudança.  
 
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*A posição dos entrevistados nesta página não reflete necessariamente a opinião da entidade.

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