Fases da produção e composição de valor do livro didático

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Diante do impacto no orçamento familiar, todo início de ano o aumento do custo do material escolar é assunto na mídia e na vida das pessoas. Muito além do livro didático, a lista solicitada pelas escolas é composta por uma série de itens de papelaria e, por isto, o preço do livro não deve ser confundido com o de todo o material. Isto posto, é importante, também, que o público em geral entenda o que compõe o preço das obras didáticas e literárias. Nessa equação são consideradas as etapas de desenvolvimento do produto – que engloba a contratação de editores, preparadores, diagramadores, revisores, ilustradores, capistas e diversos outros profissionais da produção editorial – e, também, a fase de execução industrial, que contempla serviços gráficos, de estocagem e de transporte; além dos dissídios que devem ser aplicados anualmente para todas as categorias.

O parque gráfico brasileiro, que já tem um tamanho inexpressivo, sofreu reveses econômicos fortes nos últimos anos. Gráficas fecharam e, entre as que restaram, são poucas as que ainda imprimem livros. Menor oferta se traduz em maior custo. Além disso, soma-se à conta final o valor em dólar do principal insumo, o papel, e a alta do combustível, que reflete no valor do frete para o transporte. Ou seja, o reajuste que ocorre no preço do livro escolar anualmente nada mais é do que correção da inflação passada .

Mas, será que se migrássemos integralmente a produção impressa para digital reduziríamos o preço final do livro? O fato é que os custos de impressão, transporte e estocagem, no caso da produção do livro digital, são substituídos pelos custos de licença de plataformas de distribuição, espaços para armazenamento em nuvem, hardwares, softwares, aumento de consumo de energia elétrica e de internet.

Para a produção do conteúdo do livro digital é preciso, também, agregar profissionais com habilidades ligadas à tecnologia como programação, animação, criação de simuladores, mas que também entendam do setor de educação que é bem específico. A combinação dessas caraterísticas requer uma capacitação diferenciada.

É importante considerar, ainda, que uma migração completa do impresso para o digital está longe de acontecer no Brasil. Em algumas etapas da educação escolar nem será possível migrar totalmente. Nas faixas etárias mais baixas os alunos precisam do material impresso como referência de estudo e o digital serve como um complemento, não substituto. Além disso, o acesso à internet no país é desnivelado. Enquanto algumas regiões têm infraestruturas abundantes, em outras falta a básica.

Na entrevista do mês desta edição do Abrelivros em Pauta, o presidente da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia, discorre, justamente, sobre as diferenças no país para adoção de materiais didáticos digitais e o papel das políticas públicas para promover o acesso à internet e aos infoprodutos nas escolas.

Nesta edição, compartilhamos também um pouco do conteúdo do nosso primeiro Anuário, lançado em abril. Em linha com o nosso compromisso de democratizar a informação, o acesso para a íntegra da publicação é gratuito. Confira na reportagem.

Para finalizar, gostaria de reforçar que a defesa do livro continuará sendo uma das principais bandeiras da Abrelivros neste ano. Seguimos acompanhando os movimentos no Congresso Nacional e estamos prontos para ajudar a mobilizar a sociedade novamente, caso ocorram novas ameaças de quebra da imunidade tributária do livro, prevista nas Constituições do Brasil desde 1946.

A isenção vale tanto para os impressos quanto os digitais e, sem ela, o acesso aos livros, à Educação e à Cultura seria ainda menor do que é hoje. A luta do setor é, justamente, para manter o status que o livro tem, com a isenção de impostos prevista na Constituição Federal e a alíquota zero para as contribuições de PIS e COFINS. Ou seja, o pleito não é por um tratamento novo. Vale destacar que a alíquota zero para os livros não é exclusividade do Brasil. É praticada em muitos países, inclusive naqueles que têm índices de leitura muito maiores.

Boa leitura,
Ângelo Xavier
Presidente da Abrelivros

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