Disparada dos custos gráficos impacta a produção de materiais didáticos

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Economistas preveem que a inflação geral no Brasil chegará aos 8% em 2022, bem acima da média de anos anteriores. Para 2023, as perspectivas também não são boas. O mercado editorial, assim como os demais setores produtivos, sofre o impacto desse cenário com o agravante do aumento desenfreado do preço do papel, produto praticamente indexado ao dólar. A pesquisa realizada pela Abrelivros aponta que, na comparação entre 2021 e 2022, o papel branco (offset) teve aumento entre 25 e 32%; o papel cartão, usado nas capas dos livros, registrou alta de aproximadamente 20% e o couchê, utilizado na confecção das obras literárias infantis, aumentou acima de 60%.

Praticamente todo o papel usado para produzir materiais didáticos no Brasil é fornecido por duas grandes indústrias: International Paper (Sylvamo) e Suzano. As duas enfrentam dificuldades. A Sylvamo foi impactada pela guerra na Ucrânia e precisou fechar sua fábrica na Rússia. A empresa passou a destinar parte da produção brasileira à contratação europeia. Já na Suzano, um dos riscos é que a capacidade produtiva se esgote no período das eleições. A propaganda política, que já consome um grande volume de papel gráfico, deve crescer ainda mais neste ano. Levando em consideração os R$ 5 bilhões do “fundão” eleitoral recém-criado, se 10% da verba for direcionada para materiais impressos o estoque de papel da indústria nacional estará seriamente comprometido. Além disso, o aumento do uso do papel offset para impressão de catálogos e folhetos comerciais, além do aquecimento na produção de obras literárias adultas impulsionam, ainda mais, a escalada dos preços. O crescimento do comércio on-line nos últimos dois anos também fez crescer a demanda por papel, especialmente o cartão utilizado em embalagens. Somado ao crescente custo do papel, outro impacto é o da execução da impressão. No último ano, as gráficas nacionais elevaram o valor do serviço numa média de 20% a 30%, dependendo do volume que cada editora contratou.

Também preocupa as editoras a ausência do estabelecimento de um calendário pelo Fundo Nacional da Educação (FNDE) de uma programação de compras dos materiais didáticos de reposição e novos. Nos últimos dois anos, as compras foram fracionadas, diferente do que ocorria antes da pandemia em que havia uma previsão para cada semestre. A falta de visibilidade das encomendas prejudica as negociações com os fornecedores de papel e de espaço em gráficas.

A Abrelivros, como representante do setor, em conjunto com o Sindicato Nacional do Editores de Livro (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro (CBL), tem discutido com o Ministério da Educação (MEC) e com o FNDE para buscar alternativas, principalmente em relação ao uso do papel couchê, que é item obrigatório no edital do Programa Literário. Nesse caso, além do preço exorbitante, há uma falta generalizada do produto no mercado. A proposta é que o insumo possa ser substituído pelo offset.

Mas, felizmente, nem só de más notícias vive o nosso setor. Uma das boas é que no dia 2 de julho, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, será realizado o Fórum de Editores Educacionais: Caminhos para uma Educação de Qualidade. Para falar sobre o conteúdo do evento e as expectativas em sediar pela primeira vez o seminário no Brasil, contamos com Eduardo Kruel, presidente do Fórum Latino-Americano de Editores Educacionais na Entrevista do Mês do Abrelivros em Pauta. A seção Fique Por Dentro aborda o retorno dos eventos presenciais: Convenção Associação Nacional de Livrarias (ANL) e Bienal Internacional do Livro.

Boa leitura,

Ângelo Xavier
Presidente da Abrelivros

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