UNESCO aponta desafios da tecnologia na Educação em novo relatório global

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A UNESCO lançou o Relatório Mundial de Monitoramento da Educação 2023, intitulado “Tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”. O documento oferece uma análise sobre a implementação e os impactos da tecnologia na educação, trazendo gráficos comparativos e questionamentos sobre a tecnologia, se há a democracia ou concentração do controle da informação, se promove oportunidades ilimitadas ou leva à dependência tecnológica, se impulsiona a igualdade ou intensifica a desigualdade, e questiona sua adequação ao ensino de crianças pequenas. Para a Unesco, esses debates ganharam força com o fechamento das escolas devido à COVID-19 e o avanço da inteligência artificial generativa.

O estudo mostra que o ensino online evitou o colapso da educação durante o fechamento das escolas durante a pandemia. O ensino a distância, por exemplo, teve um alcance potencial de mais de 1 bilhão de estudantes; mas, ao mesmo tempo, não foi capaz de alcançar pelo menos meio bilhão, ou 31% dos estudantes em todo o mundo – e 72% entre os mais pobres. O direito à educação, cada vez mais, é sinônimo de direito à conectividade adequada; no entanto, há desigualdade no acesso. Em todo o mundo, apenas 40% das escolas primárias, 50% das escolas de primeiro nível da educação secundária e 65% das escolas da educação secundária estão conectadas à internet.

Segundo o relatório, as tecnologias educacionais podem melhorar a aprendizagem em alguns contextos, em outros não. A tecnologia digital, por exemplo, aumentou o acesso a recursos de ensino e aprendizagem, como na Biblioteca Acadêmica Digital Nacional da Índia. O portal dos professores em Bangladesh possui mais de 600 mil usuários. Por outro lado, a tecnologia não surte efeito em outros casos. Uma avaliação de 23 aplicativos de matemática usados no nível primário demonstrou que eles se concentravam em memorização e prática, em vez de habilidades avançadas. No Peru, quando mais de 1 milhão de laptops foram distribuídos sem serem incorporados à pedagogia, a aprendizagem não melhorou. Nos Estados Unidos, uma análise de mais de 2 milhões de estudantes indicou que as lacunas de aprendizagem aumentaram quando a instrução estava sendo feita de forma exclusivamente remota.

A UNESCO destaca que a tecnologia não precisa ser avançada para ser efetiva. Na China, gravações de aulas de alta qualidade distribuídas a 100 milhões de estudantes rurais melhoraram seus resultados em 32% e diminuíram a desigualdade salarial entre populações urbanas e rurais em 38%. A tecnologia pode ter um impacto negativo se for inadequada ou excessiva. Dados de avaliações internacionais sugerem uma correlação negativa entre o uso excessivo das Tecnologias de informação e comunicação (TIC) e o desempenho acadêmico. Descobriu-se que a simples proximidade de um aparelho celular era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países.

O relatório se concentra em quatro pontos principais:

  •  Adequação: destaca a necessidade de integrar a tecnologia com métodos pedagógicos eficazes. Em algumas situações, com no caso do Peru, conforme destacado, a tecnologia não melhorou o aprendizado devido à falta de integração pedagógica, ocorrem as distrações causadas pelo uso de smartphones em salas de aula.
  • Equidade: aborda o desafio da conectividade, essencial para o acesso à educação moderna. Revela a persistente disparidade na conectividade doméstica entre famílias ricas e pobres em vários países latino-americanos, apesar de avanços em programas como o Ceibal en Casa do Uruguai.
  • Expansibilidade: o relatório salienta a importância de evidências imparciais sobre o impacto da tecnologia na aprendizagem, e alerta para o risco de viés nas evidências fornecidas por empresas de tecnologia. Também destaca os custos de longo prazo e a necessidade de equilibrar os investimentos em tecnologia com as necessidades básicas de educação.
  • Sustentabilidade: enfatiza a importância da alfabetização digital e do pensamento crítico face à rápida evolução tecnológica. Ressalta a necessidade de treinamento adequado para professores e a atenção à segurança cibernética e privacidade dos dados dos estudantes.

No entanto, o conteúdo também alerta para as desigualdades exacerbadas pelo ensino remoto e a inadequação do conteúdo online ao contexto local.

A UNESCO enfatiza a aprendizagem com os erros passados e a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com interações humanas na educação. Em sua conclusão, o relatório pede aos países a estabelecerem padrões para conectar escolas à Internet até 2030, focando nos grupos mais marginalizados.

Com um olhar detalhado e crítico sobre o papel da tecnologia na educação, a organização destaca a necessidade de abordagens mais ponderadas e inclusivas para garantir que todos os estudantes se beneficiem das inovações tecnológicas na educação. Pede que a introdução da tecnologia na educação siga critérios de adequação, equidade, escalabilidade e sustentabilidade, visando sempre o melhor interesse dos estudantes e complementando a educação baseada na interação humana. Em sua conclusão, a Unesco destaca que o relatório “Tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?” é parte de uma avaliação intermediária das metas educacionais para 2030, sublinhando a educação como chave para o progresso tecnológico e outros objetivos de desenvolvimento.

Para acessar o relatório completo, acesse o link: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386147_por/PDF/386147por.pdf.multi

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