Covid-19: maioria das cidades diz que não há condições sanitárias para retomar aulas presenciais em 2020

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que diante das dificuldades para adoção dos protocolos sanitários e da complexidade do cenário decorrente da pandemia da Covid-19, 82% das cidades consultadas acreditam não haver condições para retomar as aulas presenciais este ano, mais de seis meses após o fechamento das escolas. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (15), data em que o Dia do Professor é celebrado.

Apenas 17% dos municípios acreditam ser possível retomar as atividades presenciais ainda em 2020 e somente 4,9% têm uma data definida para o retorno. A CNM consultou 3.988 municípios, 71,6% do total do país, nos quais estão 31,4 milhões de estudantes da educação básica, sendo 14,6 milhões de alunos das redes municipais.

Na avaliação de Claudia Costin, diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV/RJ e ex-secretária municipal de Educação do Rio, três motivos principais explicam essa resistência dos municípios: a falta de uma coordenação nacional do MEC; e a falta de confiança das famílias por conta, principalmente, do discurso negacionista do governo federal no começo da pandemia.

— Em todos os países que voltaram às aulas, mesmo aquelas repúblicas federativas, teve participação do ministério da Educação nesse processo. Só há duas semanas o MEC anunciou que mandaria dinheiro para as cidades — afirma Costin. Além disso, os prefeitos temem que abram as escolas e perdam popularidade. Porque as famílias estão com medo. As autoridades federais foram irresponsáveis, para dizer o mínimo, quando apareciam em aglomerações, não usavam máscaras, minimizavam a pandemia. Isso deixa os pais muito assustados.

A pesquisa também mostrou que, no período em que as escolas estão fechadas, quase todas as cidades pesquisadas oferecem atividades pedagógicas não presenciais aos estudantes, tanto no ensino infantil quanto no fundamental.

Distribuição de material pedagógico impresso, aulas por meios digitais e envio de atividades por meio de aplicativos de mensagens instantâneas foram as principais estratégias implementadas. Além disso, 70,6% dos municípios estão capacitação professores para o ensino remoto.

Para o retorno das aulas presenciais de forma segura, de acordo com os resultados da pesquisa, considera-se necessária a elaboração de um plano de contingência, que deve ser preparado com articulação entre as áreas da Educação e da Saúde. Ainda de acordo com o levantamento, 70,4% dos municípios já têm seus planos de retorno prontos ou em elaboração.

Entre eles, a maioria pretende fazer um retorno gradual das aulas presenciais (74,7%), adotar um sistema de rodízio das turmas ou parte das turmas em dias alternados da semana (70,5%), além de um modelo híbrido de ensino, mesclando atividades presenciais e remotas (78,2%).

Glademir Aroldi, presidente da CNM, destaca que é preciso ter um olhar ampliado para todos os fatores que afetam o resultado da pesquisa. Ele ressalta que boa parte dos alunos das escolas municipais, por exemplo, são das séries iniciais do ensino básico, o que torna o cenário ainda mais complexo.

— Na grande maioria dos municípios também é feito transporte escolar, outro complicador. São vários fatores que aumentam a insegurança do gestor local — afirma, e acrescenta: — A retomada das atividades escolares tem dificultadores específicos, pois lidam com famílias e crianças, inclusive as mais novas, que costumam compartilhar seus equipamentos.

Aroldi ressalta ainda a importância de a maioria dos municípios ter investido em capacitação dos professores para o trabalho remoto, especialmente quando se pensa na preparação para o próximo ano letivo.

— No ano que vem, com a pandemia controlada ou resolvida, além do calendário escolar regular do ano precisaremos conseguir tempo, espaço e recursos para recuperar aquilo que nós não conseguimos realizar este ano. O ensino híbrido será muito importante, e, por isso mesmo, a qualificação dos professores é muito positiva — defende o presidente da CNM.

Menu de acessibilidade